Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 14:20
A Justiça Federal acolheu pedidos de ação do Ministério Público Federal (MPF) e condenou o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) a divulgar, de forma ativa e sistemática, informações fundiárias e ambientais relacionadas às áreas, aos programas, aos projetos e à situação atual dos processos de regularização fundiária geridos pelo instituto.>
De acordo com a ação, o Iterpa, mesmo após ter sido alertado por meio de recomendação do MPF, não havia se adequado às exigências da Lei de Acesso à Informação (LAI) e aos princípios constitucionais de publicidade e transparência previstos no artigo 37 da Constituição Federal.>
A falta de publicidade ativa violava o dever constitucional de transparência e dificultava o controle social sobre a regularização de terras públicas, assentamentos e imóveis rurais, sustentou o MPF no processo.>
Interesse público>
Ao analisar o tema, a Justiça Federal rejeitou a tese do Iterpa de que haveria conflito insuperável entre a transparência de informações e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A sentença destaca que a legislação de proteção de dados "não impede o tratamento de dados pelo poder público para fins de execução de políticas públicas e defesa de interesse público relevante".>
A Justiça enfatizou que as informações solicitadas referem-se a atividades reguladas e fiscalizadas pelo poder público, possuindo interesse ambiental e fundiário coletivo, não se enquadrando como dados sensíveis ou sigilosos que justificassem o sigilo. O texto da decisão ressalta que é possível compatibilizar a LGPD com a Lei de Acesso à Informação, "garantindo proteção contra abusos, mas sem inviabilizar o dever de transparência imposto ao Estado".>
Determinações judiciais>
A sentença obriga o Iterpa a disponibilizar em seu site oficial, de forma acessível, contínua e atualizada, uma série de dados específicos. As informações que devem ser tornadas públicas incluem:>
Transparência de informações ambientais>
O MPF obteve, este ano, resultados favoráveis em outros dois processos judiciais em que a instituição atuou pela transparência de informações ambientais no Pará. As sentenças foram publicadas em outubro.>
A pedido do MPF, a Justiça Federal obrigou a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) a divulgar de forma ativa, acessível, contínua, atualizada e detalhada todas as informações contidas nas Guias de Trânsito Animal (GTAs) emitidas no estado.>
No outro processo, a Justiça Federal encerrou ação movida pelo MPF contra a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), reconhecendo que a secretaria cumpriu integralmente as exigências do MPF para adequar seu portal eletrônico e garantir a transparência de dados ambientais.>