Mutirão dermatológico com foco em hanseníase será realizado em Belém

Ação da SBD, ILDS e ISD acontece em 18 de julho e oferecerá diagnóstico gratuito com início imediato de tratamento para casos confirmados

Publicado em 15 de julho de 2025 às 12:15

Belém, capital paraense.
Belém, capital paraense. Crédito: Reprodução

A capital paraense, Belém, foi escolhida para sediar uma das dez ações assistenciais no mundo dentro da campanha internacional do Dia Mundial da Saúde da Pele, celebrada globalmente em 8 de julho. A iniciativa, liderada pela ILDS (International League of Dermatological Societies) e pela ISD (International Society of Dermatology), é realizada no Brasil em parceria com Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que selecionou a capital paraense para um projeto de atenção voltado ao diagnóstico precoce da hanseníase.

A ação será realizada no dia 18 de julho, das 8h às 13h, no Centro de Referência Especializado em Dermatologia da Universidade do Estado do Pará (CCBS – UEPA). O mutirão de atendimento dermatológico com foco em hanseníase é gratuito e destinado a população de Belém que apresentem manchas na pele, especialmente brancas ou avermelhadas — um dos principais sinais da hanseníase.

Não será necessário agendamento: o atendimento será por livre demanda, bastando que os interessados compareçam no horário com documento de identidade, cartão do SUS e comprovante de residência.

“Essa é uma oportunidade de levarmos cuidado e informação para a população, com um olhar especial para a hanseníase, que segue sendo um desafio de saúde pública no Brasil. Nosso objetivo é atuar no diagnóstico precoce, ampliando o acesso e reduzindo o risco de incapacidades. A hanseníase ainda afeta de forma desproporcional populações vulneráveis, historicamente marcadas por pobreza, baixa escolaridade e acesso limitado à saúde. Em 2023, mais de 70% dos casos novos ocorreram em pessoas pretas ou pardas. Precisamos romper esse ciclo com ações concretas, como esse mutirão em Belém, que leva o cuidado para onde ele é mais necessário”, destaca a médica dermatologista Dra. Regina Carneiro, Secretária-geral da SBD.

Segundo o Boletim Epidemiológico de Hanseníase 2025, do Ministério da Saúde, o Brasil notificou 22.773 casos novos da doença em 2023, com aumento de 16% em relação ao ano anterior. O Pará, em particular, apresentou uma das menores proporções do país de detecção de casos por exame de contatos (3,9%), segundo o mesmo boletim, o que reforça a importância de iniciativas como esse mutirão para ampliar o acesso ao diagnóstico ativo na região.

O estado ainda registrou 1.329 casos de hanseníase em 2022 — o maior número da Região Norte — dos quais 67 foram em crianças menores de 15 anos, evidenciando a transmissão contínua da doença na região.

Durante o mutirão, os pacientes serão avaliados por uma equipe de dermatologistas e, se houver suspeita de hanseníase, será realizado teste rápido no local. Quem tiver o diagnóstico confirmado, já sairá com a primeira dose da medicação e com encaminhamento para continuidade do tratamento via rede pública de saúde. Todos os casos serão notificados às autoridades sanitárias.

“Ações como essa reforçam o compromisso da dermatologia brasileira com a saúde pública e com a redução das desigualdades de acesso. Segundo pesquisa da SBD em parceria com a L'Oréal e o Datafolha, mais de 90 milhões de brasileiros nunca passaram por um dermatologista. Precisamos mudar esse cenário, e o mutirão é uma forma concreta de começar essa transformação”, reforça Dr. Carlos Barcaui, presidente da SBD.

Essa iniciativa está em sintonia com o cenário global: em maio de 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a reconhecer oficialmente as doenças de pele como prioridade global de saúde pública. A ação conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde Pública do Pará (SESPA), da Secretaria Municipal de Saúde (SESMA) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

Sobre a hanseníase

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Entre os principais sinais estão manchas na pele com alteração de sensibilidade ao calor, dor e tato, além de formigamento, dormência e fraqueza nos membros. A transmissão ocorre por meio do contato próximo e prolongado com pessoas não tratadas, geralmente pelas vias respiratórias.

Apesar de ser uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase ainda representa um desafio de saúde pública no Brasil — segundo país com maior número de casos no mundo. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar sequelas físicas e interromper a cadeia de transmissão. O tratamento é gratuito, oferecido pelo SUS e pode ser feito em casa. Quanto antes for iniciado, maiores são as chances de cura e menor o risco de incapacidades.

Procure ajuda ao perceber os sintomas

Ao suspeitar dos sintomas da hanseníase, é importante procurar imediatamente uma unidade de saúde, como as unidades voltada às famílias ou um dermatologista no SUS. Para encontrar um profissional associado à SBD na sua região acesse o link.

Conheça outros projetos premiados que destacam a luta contra as dermatoses negligenciadas, como a hanseníase:

A ILDS (International League of Dermatological Societies) premia anualmente projetos e especialistas em dermatologia, e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), indicou o trabalho do Dr. Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, que venceu o prêmio DermLink 2025 na área de doenças tropicais, sendo reconhecido por seu trabalho em treinamento e detecção ativa da hanseníase.

Em 2024, os indicados pela SBD também foram os grandes vencedores. Dr. Ciro Gomes foi agraciado com o prêmio DermLink Grants 2024 pelo projeto "Uma só saúde para as populações indígenas do Brasil", que visa proporcionar cuidados dermatológicos de excelência às populações Yanomami, focando na prevenção e tratamento das dermatoses negligenciadas.

O Dr. Carlos Chirano recebeu o prêmio na categoria Trabalho Humanitário pelo projeto “Dermato Saúde Amazonas”. A iniciativa oferece cuidados dermatológicos e cirurgias a comunidades ribeirinhas em áreas remotas da Amazônia, com atenção especial à hanseníase e outras dermatoses negligenciadas, onde o acesso à saúde é limitado.

A Dra. Tânia Cestari foi premiada com o Certificado de Reconhecimento como Liderança Internacional por suas contribuições significativas à dermatologia, com destaque para sua pesquisa em fotomedicina, doenças pigmentares e condições imunodermatológicas, como dermatite atópica, psoríase e vitiligo. Sua carreira de mais de 100 publicações tem impactado diretamente o avanço da dermatologia mundial.

Esses especialistas estão liderando iniciativas essenciais para melhorar o acesso ao cuidado dermatológico em regiões de difícil acesso e para populações vulneráveis, contribuindo para o controle de doenças negligenciadas e a conscientização global.

Serviço – Ação de combate à hanseníase em Belém
Data: 18/07/2025
Horário: das 8h às 13h Local: UEPA – CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde)
O que levar:
• Cartão do SUS
• Documento de identidade com foto
• Comprovante de residência