Publicado em 24 de junho de 2025 às 11:53
Em um país onde estabilidade ainda é sinônimo de sucesso, mudar de carreira pode parecer um passo arriscado ou até incompreensível. No entanto, uma transição silenciosa vem se tornando cada vez mais comum: profissionais bem formados, com cargos consolidados e anos de experiência, têm deixado carreiras tradicionais em busca de algo que faça mais sentido.>
Não se trata de desistência, mas de reconfiguração. Segundo pesquisa da plataforma Catho divulgada pela CNN, 42% dos profissionais brasileiros pretendem mudar de carreira em 2025. As razões variam: insatisfação com a rotina, desejo de liberdade, incompatibilidade de valores ou simplesmente a percepção de que aquela escolha, feita anos atrás, já não representa quem se é hoje.>
Esse movimento vem ganhando força especialmente entre profissionais de áreas historicamente associadas ao prestígio e à estabilidade, como medicina, direito, engenharia e grandes cargos corporativos. A mudança de rota, nesses casos, costuma ser acompanhada de dúvidas, receios e julgamentos sociais.>
“Existe uma espécie de culpa em pensar em deixar para trás algo que foi tão difícil de conquistar. Mas, em muitos casos, insistir em algo que já não te representa é mais custoso do que começar de novo”, afirma o médico e empresário Jonathan Sarraf, que hoje atua na gestão de negócios voltados à saúde. Formado em Medicina, ele deixou a atuação clínica para fundar uma startup que ajuda médicos a organizarem sua vida financeira e repensarem sua trajetória profissional.>
“Percebi que eu era bom em algo que já não me fazia sentido. A mudança veio aos poucos, mas foi libertadora. Hoje, continuo ajudando médicos, só troquei o lugar de onde faço isso”, relata.>
A transição de carreira, quando feita com consciência, pode abrir espaço para que o profissional reconstrua não apenas sua trajetória, mas também sua identidade. Ainda assim, o processo é tudo menos linear. Envolve questionamentos profundos, ajustes práticos e, muitas vezes, o enfrentamento de uma cultura que ainda valoriza mais a constância do que a autenticidade.>
Para especialistas, o aumento desses movimentos está ligado a uma maior valorização do bem-estar emocional e da coerência pessoal no trabalho.>
Jonathan reforça. “A gente aprende a mirar no topo, mas quase nunca se pergunta se aquele topo ainda tem a ver com quem a gente é.”>
Histórias como a dele têm inspirado outros profissionais a refletirem sobre o próprio caminho. E, mais do que reforçar a ideia de sucesso, elas sinalizam uma mudança mais ampla no mundo do trabalho: a permissão de se ouvir, se rever e, se necessário, recomeçar com coragem.>