Publicado em 25 de junho de 2025 às 20:30
Em agenda institucional em Brasília (DF), o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA), conselheiro Fernando Ribeiro, reuniu-se, na terça-feira (24), com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, para debater as condições de fornecimento de energia elétrica prestadas pela Equatorial à população paraense.
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Cenário preocupante>
Na reunião, o conselheiro Fernando Ribeiro ressaltou o atual cenário em que se encontra o sistema de distribuição de energia em várias regiões do Pará e nos municípios do Marajó, que precisam de uma solução urgente.>
“Como representante da Corte de Contas paraense, estive em Marabá, em Bragança, em Paragominas, de três meses para cá, e, em todos esses municípios, recebi reclamações sobre a má qualidade dos serviços fornecidos pela Equatorial. É inquestionável a percepção dos consumidores quanto à degradação do serviço da Equatorial Pará, especialmente no que diz respeito à continuidade do fornecimento, à demora na recomposição após interrupção da energia — principalmente no interior do estado — e à falha em atendimentos comerciais específicos”, afirmou.>
Auditoria>
No ofício protocolado na Aneel, o presidente do TCE-PA pontuou, entre outros critérios, o aumento na quantidade de desligamentos não programados; a demora no tempo de recomposição (retorno da energia) após essas ocorrências; o crescimento nas perdas de equipamentos por oscilação de tensão no sistema; a impossibilidade de implantação de qualquer indústria artesanal no meio rural, baseada exclusivamente no fornecimento de energia pública. O documento também propõe que seja realizada uma auditoria para constatar a qualidade dessa apuração por parte da concessionária.>
“Sabemos que, além dos fatores que encarecem o custo da energia em todo o Brasil, torna-se urgente a desoneração da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), recheada de subsídios e encargos, cujos valores aproximaram-se de R$ 40,9 bilhões em 2024”, enfatizou o conselheiro Fernando Ribeiro, ressaltando, ainda, que outra fonte de preocupação é a degradação da qualidade dos serviços, em especial para os consumidores do interior do estado, que têm sido penalizados.>
Marajó>
Prefeitos dos municípios de Soure e Salvaterra, região marajoara, e representantes da Associação Rural da Pecuária do Pará (ARPP) participaram da audiência e relataram as constantes falhas no serviço de fornecimento de energia, como apagões prolongados, falhas técnicas recorrentes e prejuízos à economia e aos serviços essenciais.>
“Agradeço ao conselheiro Fernando Ribeiro por possibilitar essa audiência importante, não só para o Marajó, mas para todo o estado. São várias as reclamações e viemos aqui para discutir melhorias no serviço de energia elétrica. O Marajó, acredito, seja uma região onde o serviço é ainda mais precário, até pela questão da logística”, disse o prefeito de Soure, Paulo Victor Lima.>
Para o prefeito de Salvaterra, Valentim Lucas de Oliveira, a audiência na Aneel foi uma oportunidade de buscar soluções para o desenvolvimento do município e para os cidadãos.>
“Saí da reunião muito esperançoso. A reunião foi muito produtiva e espero que o problema seja resolvido. A questão dos serviços da Equatorial não é só no Marajó, e a sociedade paraense vem sofrendo com esse problema. Como prefeito de Salvaterra, vim com o intuito de buscar melhorias para a nossa população”, comentou.>
Precariedade>
De acordo com o presidente da ARPP, Fernando Augusto Dacier Lobato, a situação precária no fornecimento de energia elétrica vem dificultando o desenvolvimento do setor e da região.>
“Estou feliz de estar aqui representando o setor produtivo do Marajó para relatar fatos relacionados à energia rural e que estão prejudicando o setor. A energia solar não resolve, porque ela ainda é fraca. Então, venho aqui para solicitar o retorno dos programas Luz para Todos e Luz no Campo. Algumas comunidades ainda possuem energia alternativa, por meio de geradores. Por isso, a volta dos programas é fundamental”, relatou.>
“O Marajó precisa de uma energia forte para atender às comunidades do campo, dos ribeirinhos, para que tenham o seu desenvolvimento. Tem fazendas que trabalham com produção de queijos e, por falta de energia elétrica, encerraram as atividades”, completou Fernando Lobato.>
O diretor financeiro da ARPP, Bruno Lobato Castro, também esteve presente ao encontro.>
Prazo>
Após ouvir os relatos da comitiva paraense, liderada pelo presidente do TCE-PA, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, comprometeu-se a se manifestar sobre as demandas apresentadas em até 20 dias.>
“Vamos fazer um diagnóstico da situação para ter uma análise mais completa e cobrar uma atuação da Equatorial no Pará. Entendo que o objetivo é sanar os problemas para que os munícipes tenham uma boa condição de vida e que as atividades econômicas possam se desenvolver. Vamos olhar, ainda, como está o cumprimento da qualidade do fornecimento dos serviços nos municípios”, assegurou Sandoval Feitosa.>
“Também verificaremos como está o andamento do programa Luz para Todos e se a Equatorial está cumprindo as metas estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia. Dentro de até 20 dias, vamos dar uma posição”, confirmou.>
Justiça>
O fornecimento de energia no Pará é uma questão de justiça social e de cidadania, pois os problemas com a concessionária de energia alcançam diversas regiões do estado.>
“Como presidente de um tribunal de contas, tenho que olhar o resultado da gestão, muito mais do que a contabilidade. O objetivo é saber se o serviço público está sendo bem prestado aos cidadãos”, concluiu o presidente do TCE-PA, conselheiro Fernando Ribeiro.>