Reforma do Aeroporto de Belém ainda é um impasse para a COP 30

Concessionária que administra o aeroporto de Belém vai ampliar o pátio de estacionamento de aeronaves, mas teme-se que muitos passageiros fiquem expostos a sol e chuva durante o embarque/desembarque.

Publicado em 10 de maio de 2025 às 08:24

Aeroporto de Val-de-Cans em obras.
Aeroporto de Val-de-Cans em obras. Crédito: Reprodução/WhatsApp

Belém se prepara para a Conferência Mundial do Clima, a COP 30, que será realizada em novembro deste ano na cidade, com um pacote de obras de infraestrutura que vão além do evento, prometendo um legado de melhoria para a cidade e a população. As obras incluem a construção de novas áreas e a revitalização de espaços já existentes, como o Aeroporto de Val-de-Cans, que passa por reformas, mas que ainda deixa dúvidas sobre a sua capacidade de receber o grande volume de turistas que virão participar da conferência, principalmente no que se refere ao estacionamento do grande número de aeronaves que virão para Belém.

De acordo com o protocolo de segurança de chefes de Estado, em viagens internacionais, é necessário que a aeronave permaneça estacionada em local de rápido acesso enquanto a autoridade participa de um evento, para o caso, por exemplo, de ter que decolar rapidamente caso aconteça algum imprevisto e tenha que retornar.

Atualmente, o Aeroporto Internacional de Belém enfrenta uma série de problemas apontados pelos próprios usuários dos serviços, que frequentemente reclamam do que classificam de “desorganização” na infraestrutura do Aeroporto no dia adia, o que seria ainda pior com o aumento da demanda de passageiros e turistas que vêm para a COP30.

A “desordem’, no caso, refere-se a diversos incidentes e situações que causam transtornos para os passageiros, como atrasos de voos e interdições na pista, entre outros. Como a reforma não prevê o aumento do número de fingers (túneis) que ligam a aeronave ao aeroporto, a preocupação é que os visitantes que vão chegar precisem enfrentar sol e chuva ao desembarcar, já que a reforma prevê apenas a ampliação do pátio de aeronaves, investindo no chamado desembarque remoto, em que os passageiros são conduzidos em ônibus para entrar ou deixar as aeronaves. Diante disso, a falta de um estacionamento bem estruturado poderá ter impacto negativo junto aos passageiros, causando atrasos, perdas de conexão ou até mesmo estresse e frustração.

Reclamações

O técnico em radiologia Rafael Maia, que mora em Belém e viajou de avião duas vezes para fora do Estado, entre fevereiro e maio deste ano, pontua que em comparação a outros aeroportos do Brasil, o de Belém está abaixo das expectativas de quem chega para visitar a cidade. “Estive no Rio de Janeiro recentemente e os cariocas falam muito de Belém, que sentem vontade de conhecer a cidade, mas tenho a impressão de que, ao chegarem aqui, a primeira coisa que vão reparar é no aeroporto, no tanto que falta mais em modernização”, analisa o paraense.

Já para outro usuário do aeroporto, que recentemente viajou para Curitiba e que preferiu não se identificar, o aeroporto precisa melhorar especialmente na climatização e no tamanho. “Eu acho o aeroporto de Belém quente e muito pequeno. Os portões de embarque estão ficando cada vez menores para a quantidade de usuários, principalmente agora que a COP está chegando e a cidade está cada vez mais sendo visitada”, observa.

O usuário conta ainda que o fluxo de passageiros durante sua última viagem estava tão grande que não houve cadeiras suficientes no hall para acomodar os passageiros que esperavam a hora do embarque.

Ampliação do espaço

Apesar de o aeroporto de Belém estar sendo ampliado para aumentar o espaço de estacionamento de aeronaves, ainda assim integrantes das delegações dizem que não está claro se haverá local para manter as aeronaves dos líderes de governos próximas ao evento. O que se sabe é que aeroportos de outras cidades serão usados como estacionamento de jatos privados. E outra questão: não se sabe qual a capacidade do aeroporto de Belém para manter aeronaves estacionadas durante a visita.

O Roma News procurou a Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Belém, que informou em nota que está aplicando investimentos próprios da ordem de R$ 450 milhões, em obras de modernização do Terminal de Passageiros e em intervenções que contemplam toda a infraestrutura operacional do aeroporto.

De acordo com a nota, “essas ações, iniciadas no segundo semestre do ano passado, integram as melhorias previstas na Fase 1-B do contrato de concessão”. Sobre o estacionamento de aeronaves, a NOA afirma que para o incremento da segurança e eficiência operacional, o número de posições para estacionamento de aeronaves será ampliado com a construção de um novo pátio, enquanto as cabeceiras 20 e 24 receberão a implantação de PAPI (do inglês, Precision Approach Path Indicator - Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão).

Outras melhorias envolvem a restauração dos pavimentos do pátio, de taxiways e da pista de pouso e decolagem (PPD), modernização e automação do balizamento noturno, revitalização da sinalização horizontal, além da modernização do ALS (Approach Light Systems – Sistema de Luzes de Aproximação) na cabeceira 06.

Término das obras

A NOA informou que o prazo de conclusão das obras estava inicialmente previsto para maio de 2026. No entanto, foi antecipado para este ano após tratativas do governo federal junto à concessionária para que o aeroporto receba “com mais agilidade, excelência e conforto os milhares de participantes da COP30 em Belém.” Ainda em nota, a concessionária afirma que “com as intervenções, as áreas de embarque serão quase triplicadas, saltando de 1.593 m² para 4.303 m². Por meio da criação de dois novos mezaninos no saguão principal, o primeiro pavimento será ampliado para 3.380 m², possibilitando benefícios que vão desde o processo de inspeção de segurança até a espera pelo voo, com a disponibilidade de uma nova praça de alimentação e a modernização dos sistemas de climatização, iluminação e abastecimento elétrico, que será realizado por fontes 100% renováveis.”

Diante de todos os investimentos anunciados pela NOA, só resta aos paraenses esperar para ver e torcer para que tudo dê certo. Afinal, são investimentos da ordem de R$ 450 milhões.