Publicado em 17 de outubro de 2025 às 14:48
O Brasil é um dos países mais complexos do mundo em matéria tributária. Segundo o relatório Paying Taxes 2024 , do Banco Mundial, uma empresa de porte médio leva, em média, 1.483 horas por ano apenas para lidar com cálculos, declarações e pagamentos de tributos. Isso significa que falhas, atrasos ou equívocos são praticamente inevitáveis sem organização e podem custar caro. >
Para Marcello Marin, contador, administrador, mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial, a revisão fiscal de fim de ano funciona como um check-up corporativo indispensável. “Muitos gestores só percebem inconsistências quando já estão pagando caro por elas. Esse processo permite identificar créditos tributários, revisar o regime de enquadramento e regularizar pendências que, se ignoradas, podem se transformar em entraves sérios no ano seguinte”, alerta. >
Mais do que cumprir obrigações, a revisão é também um movimento estratégico. “Olhar para a gestão tributária é olhar para a saúde financeira da empresa. Quem se antecipa consegue virar o ano com tranquilidade, previsibilidade e espaço para crescer”, reforça. >
Pensando nisso, o especialista lista 5 passos para organizar os tributos da empresa no fim de ano. Confira! >
O primeiro passo é simples, mas decisivo: ter clareza absoluta dos prazos. Um calendário fiscal atualizado deve incluir Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), e-Social, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Escrituração Contábil Fiscal (ECF), Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (DIRF), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), entre outros. >
Muitas penalidades aplicadas pelo Fisco são consequência direta de esquecimentos. Se antecipar evita desperdício de caixa e garante previsibilidade, já que multas automáticas podem variar de R$ 200 a R$ 500 por obrigação. >
Um erro comum é permanecer no mesmo regime tributário sem avaliar se ele ainda é vantajoso. Mudanças no faturamento, margens de lucro ou atividade exercida podem tornar o enquadramento mais caro do que o necessário. Entre outubro e dezembro, simular cenários no Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real pode gerar economia de até 20% em tributos. >
Pendências fiscais, mesmo pequenas, podem bloquear a emissão de Certidões Negativas de Débito, essenciais para licitações, crédito e negociações com investidores. Além disso, inconsistências em notas fiscais eletrônicas, escrituração ou declarações podem gerar autuações retroativas. O fim do ano é o momento ideal para revisar lançamentos, regularizar débitos e organizar relatórios contábeis, evitando gargalos que só aparecem em janeiro. >
O uso de tecnologia é um divisor de águas na gestão fiscal. Sistemas de ERP ( Enterprise Resource Planning ) bem configurados e softwares de compliance reduzem erros manuais, facilitam o cruzamento de dados do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e geram dashboards em tempo real para tomada de decisão. Mas tecnologia sozinha não basta: integrar áreas contábil, fiscal e financeira, padronizar fluxos de informação e adotar auditorias internas periódicas dá consistência ao processo e torna a empresa mais preparada para o escrutínio do Fisco. >
É importante simular cenários de fluxo de caixa e provisionar tributos que vencerão nos primeiros meses de 2026. “Antecipar possíveis riscos e compromissos evita surpresas, garante liquidez e dá tempo para ajustar estratégias antes que se tornem problemas críticos”, recomenda o especialista. >
Em um ambiente tributário tão desafiador quanto o brasileiro, negligenciar a revisão fiscal de fim de ano pode custar muito mais do que horas de retrabalho. “Ao adotar uma postura preventiva e estratégica, as empresas não apenas evitam penalidades, mas também abrem espaço para otimizar recursos , fortalecer a governança e começar 2026 com solidez. A diferença entre pagar caro por erros e transformar tributos em aliados está na organização e na antecipação”, conclui Marcello Marin. >
Por Letícia Carmo >