Correios fecham empréstimo de R$ 12 bilhões para reforçar caixa

Com garantia da União, acordo com cinco bancos busca enfrentar crise financeira da estatal

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 19:16

Com garantia da União, acordo com cinco bancos busca enfrentar crise financeira da estatal
Com garantia da União, acordo com cinco bancos busca enfrentar crise financeira da estatal Crédito: Reprodução

Os Correios fecharam um empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco dos principais bancos do país para reforçar o caixa da empresa, que enfrenta uma grave crise financeira após 12 trimestres seguidos de prejuízo. O contrato foi assinado na sexta-feira (26) e publicado neste sábado (27) no Diário Oficial da União.

O acordo envolve Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e tem validade até 2040. A operação conta com garantia da União, o que significa que o governo federal dá respaldo ao empréstimo e reduz o risco para as instituições financeiras.

O financiamento foi autorizado pelo Tesouro Nacional na semana passada e faz parte do plano de reestruturação dos Correios. Com o aval do governo, caso a estatal não consiga honrar os pagamentos, a União assume a dívida, funcionando como uma garantia extra aos bancos.

No início de dezembro, o Tesouro havia rejeitado uma proposta de empréstimo de R$ 20 bilhões negociada pelos Correios com um consórcio de bancos. O motivo foi a taxa de juros, que chegava a 20% ao ano, acima do limite considerado aceitável. No acordo de R$ 12 bilhões, o governo avaliou que os juros ficaram dentro do teto permitido para operações com garantia da União.

Segundo o Tesouro Nacional, a liberação do empréstimo seguiu os critérios técnicos exigidos para estatais com plano de reequilíbrio financeiro aprovado, incluindo análise da capacidade de pagamento da empresa.

A crise dos Correios levou a empresa e o governo federal a discutirem medidas emergenciais desde o início do ano. Entre os principais fatores que pressionaram as contas estão o aumento expressivo dos gastos com pessoal, mudanças no programa Remessa Conforme, que reduziram a receita com encomendas internacionais, queda no fluxo de caixa, crescimento das despesas com precatórios e o fato de cerca de 85% das agências operarem no prejuízo.

Para tentar reverter o cenário, a atual gestão aprovou um plano de reestruturação que prevê corte de custos, programa de demissão voluntária, venda de imóveis sem uso, renegociação de contratos, redução da jornada de trabalho, mudanças nos planos de saúde, retorno ao trabalho presencial e a criação de um marketplace próprio.

Nos bastidores, a possibilidade de privatização dos Correios voltou a ser debatida, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou essa alternativa. Segundo ele, enquanto estiver no cargo, a estatal continuará pública.

Lula afirmou que a crise pode ser resultado de uma gestão equivocada e defendeu mudanças internas. O presidente também destacou a importância dos Correios para o país e disse que o governo vai adotar todas as medidas necessárias para recuperar a empresa.