Publicado em 19 de novembro de 2025 às 15:36
A crise que derrubou o Banco Master se desenrolou de forma acelerada e turbulenta. Em menos de 24 horas, a instituição anunciou sua venda para a Fictor Holding Financeira, o dono do banco, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal e, por fim, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição. A medida marcou o fim das operações do Master e abriu uma série de dúvidas para clientes, investidores e pessoas que tinham dívidas com o banco.>
A seguir, reunimos um resumo do caso e as principais explicações do advogado Eduardo Brasil, especialista em direito bancário, que conversou com o Portal Roma News.>
O que aconteceu com o Banco Master>
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master após apontar problemas na saúde financeira da instituição e infrações às regras do sistema bancário. Com a liquidação, o banco deixa de funcionar imediatamente e um liquidante assume o controle total, substituindo a antiga administração.>
Paralelamente, a Polícia Federal prendeu o dono do banco, Daniel Vorcaro, no aeroporto de Guarulhos. Segundo a PF, ele tentava deixar o país em um avião particular rumo a Malta. A defesa nega e afirma que o destino final seria Dubai, onde se encontraria com investidores ligados à compra do banco. Outros diretores do Master também foram detidos, e a PF encontrou R$ 1,6 milhão na casa de um dos investigados.>
A crise também afeta órgãos públicos. O Rioprevidência, fundo de aposentadorias do Rio de Janeiro, tinha quase R$ 1 bilhão investido em operações ligadas ao Master. O Tribunal de Contas do Estado já havia alertado para riscos e proibido novos aportes.>
Como funciona a liquidação: explicação do advogado Eduardo Brasil>
O advogado Eduardo Brasil explica que, quando o Banco Central decreta a liquidação extrajudicial, o banco deixa de operar imediatamente. A administração passa para um liquidante, que faz um levantamento completo dos bens e dívidas da instituição. Ele monta a lista de credores, avalia ativos e conduz a venda de bens e carteiras. Durante esse processo, decisões da antiga diretoria perdem validade e ações judiciais contra o banco ficam suspensas. Só depois de concluído esse mapeamento começa a fase de pagamentos, seguindo a ordem prevista em lei.>
Como pedir ressarcimento ao FGC>
Uma das maiores dúvidas recai sobre investidores que tinham CDBs ou depósitos no Master. Segundo Eduardo Brasil, o processo de ressarcimento depende antes do envio, pelo liquidante, da relação completa de clientes ao Fundo Garantidor de Créditos. Somente depois disso o FGC libera o sistema para solicitações no aplicativo ou no site oficial.>
O cliente deverá confirmar seus dados e indicar uma conta em outro banco para receber o dinheiro. O limite de cobertura é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ na mesma instituição. O advogado destaca que ninguém deve fazer pedidos ou preencher formulários antes da abertura oficial do processo pelo FGC.>
E quem tem dívidas com o Banco Master?>
Para quem tem empréstimos ou consignados, nada muda no contrato. “O pagamento continua como sempre”, afirma Eduardo. No caso de consignados, o órgão pagador continua fazendo os repasses normalmente. Se houver uma pausa temporária no fluxo, o liquidante ou o futuro comprador da carteira informará o novo procedimento. Já quem paga boletos deve aguardar instruções oficiais para evitar golpes ou pagamentos incorretos.>
As chaves PIX ainda vão funcionar?>
Segundo o advogado, as chaves PIX atreladas a contas do Master tendem a ficar indisponíveis porque as contas deixam de operar. Transferências provavelmente serão recusadas. A recomendação é registrar novas chaves em uma instituição onde o cliente já tenha conta ativa.>
Quanto o FGC deve gastar no caso do Master?>
O advogado explica que o valor ainda não é conhecido. O FGC só divulga estimativas depois de receber a base completa de clientes e valores garantidos. Como o banco captou grande volume por meio de CDBs, esse acionamento deve ser significativo, mas dentro da capacidade de pagamento do fundo.>
E os investidores que estavam acima do limite do FGC?>
Para quem está dentro do limite de R$ 250 mil, o ressarcimento deve ocorrer conforme as regras do fundo. Mas investidores com valores acima desse limite, ou que aplicaram em produtos sem cobertura, entram na chamada massa de credores. Isso significa que só receberão algo se houver saldo após a venda dos bens e ativos do banco. O resultado pode ser pagamento total, parcial ou até nenhum retorno, dependendo da recuperação dos ativos.>
A crise do Banco Master pode ser uma das mais profundas do sistema financeiro recente, com desdobramentos econômicos, judiciais e políticos. Enquanto o liquidante inicia os trabalhos, clientes, investidores e credores aguardam respostas sobre o que conseguirão recuperar e em quanto tempo.>
Por Elias Felippe>