Lula lança programa habitacional voltado à classe média

Novo modelo de crédito imobiliário amplia acesso à casa própria e muda regras da poupança; Caixa deve financiar 80 mil moradias até 2026

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 15:00

Novo modelo de crédito imobiliário amplia acesso à casa própria e muda regras da poupança; Caixa deve financiar 80 mil moradias até 2026
Novo modelo de crédito imobiliário amplia acesso à casa própria e muda regras da poupança; Caixa deve financiar 80 mil moradias até 2026 Crédito: Reprodução 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira (10) um novo programa de habitação destinado à classe média, durante o evento Incorpora 2025, em São Paulo. A proposta cria um modelo de crédito imobiliário que reformula o uso dos recursos da poupança, ampliando o volume de financiamentos disponíveis. A expectativa é que a Caixa Econômica Federal financie 80 mil novas moradias até 2026, atendendo famílias com renda acima de R$ 12 mil.

Lula afirmou que o objetivo é atender um público que, até agora, ficava de fora dos programas de habitação do governo, como o Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, trabalhadores como professores, bancários e metalúrgicos não se enquadram nas faixas de renda mais baixas, mas também enfrentam dificuldades para comprar um imóvel. “Essas pessoas não têm direito a comprar casa, porque não são pobres o bastante para o Minha Casa, Minha Vida. Esse programa foi feito pensando nelas, para que possam ter uma casa um pouco melhor”, disse o presidente.

O novo modelo de crédito habitacional muda o direcionamento dos recursos da caderneta de poupança, principal fonte de financiamento imobiliário no país. Hoje, 65% do dinheiro captado pelos bancos precisa ser destinado a empréstimos habitacionais, 15% é liberado para outras operações e 20% fica retido no Banco Central como depósito compulsório. A proposta prevê o fim gradual desses compulsórios, permitindo que todo o valor depositado na poupança sirva como referência para os financiamentos.

Com as mudanças, o valor máximo de um imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) passará de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. O governo avalia que isso dará mais fôlego ao setor da construção civil e ampliará o acesso de famílias que desejam comprar imóveis maiores ou em regiões mais centrais. “O que queremos é adequar as condições econômicas das pessoas, respeitando o direito de cada um de morar onde acha melhor”, disse Lula durante o evento.

A reformulação também busca modernizar as regras do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O governo explica que, com o novo modelo, quanto mais valores forem depositados na poupança, mais crédito será disponibilizado para o mercado imobiliário. Além disso, instituições que não captam poupança diretamente poderão conceder financiamentos em condições equivalentes, o que deve aumentar a concorrência entre os bancos e baratear o crédito.

O plano de transição começa ainda em 2025 e será concluído até janeiro de 2027. Durante esse período, o percentual de depósitos compulsórios será reduzido gradualmente, liberando mais recursos para o crédito habitacional. Pelo novo regime, 80% dos financiamentos deverão seguir as regras do SFH, que limitam os juros a 12% ao ano. O governo acredita que a mudança fortalecerá o sistema de habitação e ajudará a impulsionar a economia, criando empregos e aquecendo o setor imobiliário.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor-chefe da tarde).