Publicado em 18 de agosto de 2025 às 10:48
Conteúdo Estadão - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta segunda-feira (18), que houve "má vontade" por parte dos Estados Unidos em relação às negociações sobre o tarifaço imposto ao Brasil. Haddad explicou que recebeu um convite do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o convocando para uma reunião sobre essa negociação. O ministro disse que resolveu divulgar que houve esse convite para "dissipar" qualquer dúvida sobre o Brasil estar disposto a negociar com os EUA.>
"Eu sabia que, ao divulgar essa notícia, nós corríamos o risco de fazer com que a extrema direita se mobilizasse nos EUA para reverter a situação. Mas ficaria demonstrado que a responsabilidade de a reunião não ocorrer, não seria do Brasil", detalhou o ministro, durante participação no seminário "Brazil 2030: Fostering Growth, resilience and productivity", organizado pelo Financial Times e a CNBC, em São Paulo.>
Com isso, Haddad frisou que, agora, o Brasil possui documentos oficiais que deixam claro que o País estava disposto a negociar.>
O ministro também destacou que, com o tarifaço, os EUA quiseram impor ao Brasil uma situação inegociável e inconstitucional, que seria o Executivo brasileiro interferir em questões do Judiciário, em referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.>
Tendência de queda>
Haddad disse também que o comércio entre Brasil e Estados Unidos tende a cair ainda mais daqui para a frente. Ele destacou que a corrente de comércio entre os dois países representa hoje menos da metade do que foi nos anos 1980 e deve cair ainda mais, após a imposição de novas tarifas dos EUA a produtos brasileiros. "Pelo andar dos acontecimentos, eu acredito que o comércio bilateral, infelizmente, vai cair ainda mais.">
Haddad também reforçou que o Brasil "fez sua parte" na mesa de negociações para reverter o quadro do tarifaço e que, para saber o que virá à frente é preciso "perguntar do lado de lá", em referência ao governo norte-americano.>
Questionado sobre se o gesto de Bessent poderia ser interpretado como uma "provocação", Haddad respondeu que não pode cometer "deslizes" e que a situação atual já é "tensa".>
"Eu não posso cometer determinados deslizes porque já é uma situação tensa. Qual a dificuldade de tirar uma conclusão óbvia no caso desse, está tudo documentado?", questionou o ministro, em referência à comunicação formal de Bessent primeiro convocando e depois cancelando o encontro.>
Haddad também pontuou que cada país tem sua maneira de proceder mas que "nunca faria isso". "Por mais hostil que o outro país fosse, se eu marquei um compromisso, eu cumpro", reforçou ele.>