Bailarinos da Grande Belém participam de projeto internacional de dança no Uruguai

Bailarinos de Ananindeua, Marituba e Benevides integram missão cultural em Montevidéu com foco na valorização da arte amazônica.

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Talytha Reis

Repórter / [email protected]

Publicado em 8 de julho de 2025 às 10:17

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Jovens talentos da dança da Região Metropolitana de Belém estão representando o Pará em uma missão internacional que une cultura, arte e transformação social. Nove bailarinos da Amazônia, entre eles jovens de Ananindeua, Marituba e Benevides, embarcaram neste mês para Montevidéu, no Uruguai, onde participam do Intercâmbio Internacional Brasil–Uruguai 2025.

A iniciativa é promovida pelo Circuito Norte em Dança e pelo Encontro Pan-Americano de Dança da Amazônia (PADAM), com apoio institucional do Instituto de Formación Artística (IFA), dirigido pelo coreógrafo uruguaio Federico Lynch. Durante 15 dias, os jovens vivenciam uma imersão artística e formativa com foco em dança contemporânea, improvisação, composição coreográfica, história da dança latino-americana e políticas culturais.

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Além das aulas, os participantes participam de laboratórios criativos com artistas locais, apresentações públicas e rodas de diálogo com a comunidade cultural do Uruguai. O intercâmbio é realizado em um ambiente multilíngue, de intensas trocas interculturais.

Representatividade amazônica

Segundo Igor Marques, idealizador do Circuito e diretor artístico do intercâmbio, a presença dos jovens em solo internacional vai muito além da técnica. “Eles levam a Amazônia no corpo e na voz. É um processo de reconhecimento, de expansão e de afirmação da identidade cultural amazônica no cenário internacional”, afirma.

Os selecionados passaram por etapas rigorosas de avaliação, realizadas por profissionais do Brasil, Chile e Uruguai. O critério não se limitou à técnica: foram considerados o engajamento social, o comprometimento artístico e o potencial de multiplicação do conhecimento em suas comunidades.

Primeira viagem internacional

Para a maioria dos participantes, essa é a primeira experiência fora do país — um marco que amplia horizontes e gera impacto profundo. “Esse intercâmbio muda tudo: muda a forma de ver a dança, de ver o mundo e de nos vermos no mundo”, disse uma das jovens de Benevides antes do embarque.

O Circuito Norte em Dança, criado em 2018, é hoje uma das mais importantes plataformas de formação, circulação e valorização da dança na Amazônia. Já o PADAM, realizado desde 2021, projeta esse trabalho para o contexto internacional, conectando o Brasil com países como México, Equador, Suriname, Honduras, Peru e Uruguai.

Arte como política pública

As iniciativas vêm reafirmando que é possível fazer arte de qualidade nas periferias e nos interiores da Amazônia. “Nosso sonho é que mais jovens possam viver essa experiência transformadora. A arte tem esse poder de nos empurrar pra frente, mesmo quando tudo parece difícil. E é isso que o Circuito está fazendo: abrindo caminhos reais para vidas mais possíveis”, conclui Igor Marques.

Enquanto os bailarinos seguem sua jornada em Montevidéu, o corpo da Amazônia segue ocupando novos palcos, com novos sentidos, dançando o futuro com potência e identidade.