Belém mostra ao mundo a força da cultura popular com destaque para o Carimbó

As tradições fazem de Belém um polo cultural: carimbó, Círio de Nazaré, tecnobrega, museus e muito mais.

Publicado em 2 de outubro de 2025 às 10:49

Entre as danças típicas da região, o carimbó ocupa lugar de destaque. 
Entre as danças típicas da região, o carimbó ocupa lugar de destaque.  Crédito: Agência Pará

A capital paraense pulsa em ritmo próprio, com uma identidade marcada por tradições populares, músicas, danças e todas suas cores. No último episódio da série "Belém para o Mundo" foram apresentadas algumas das expressões culturais mais marcantes da cidade.

Na música, dois ritmos que carregam a alma de Belém animam a cidade e o mundo: o tecnobrega e a guitarrada. O tecnobrega, genuinamente belenense, mistura a música brega romântica com batidas eletrônicas. Já a guitarrada é marcada pelos solos de guitarra, combinando ritmos como carimbó, merengue, choro, rock, entre outros.

Já entre as danças típicas da região, o carimbó ocupa lugar de destaque. Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o ritmo traz a mistura de influências indígenas, africanas e europeias. Nessa dança, as mulheres giram com suas saias rodadas e coloridas flertando e cortejando seus parceiros.

Mano Piu, como é conhecido o belenense David Benedito dos Santos Barros, é um artista popular que tem a cultura paraense correndo em suas veias. Ele passou por escolas de samba, bandas de brega e grupos parafolclóricos, até se apaixonar pelo carimbó, ritmo que transformou sua vida. Fundador do grupo Carimbó Parásileiros, Davi já levou a cultura paraense à França e ao Chile, e segue firme na missão de encantar o público, fortalecer as raízes do carimbó e celebrar a identidade cultural do Norte.

“Mostrar a cultura de Belém para o mundo é uma oportunidade incrível de compartilhar a riqueza e a diversidade da nossa cidade. Belém é uma cidade que respira cultura. Tem uma culinária amazônica reconhecida internacionalmente, um artesanato único, festas tradicionais como o carimbó, a lambada e o brega, além de um povo acolhedor”, disse mano Piu, orgulhoso. Ele faz questão de destacar que a cultura do Pará é uma mensagem de alegria.

"Somos um povo acolhedor e hospitaleiro. Temos muito orgulho de quem somos: um povo que valoriza a nossa herança cultural e a conexão com a natureza. Acredito que a nossa cultura pode transmitir uma mensagem de esperança e amor aos turistas, mostrando que é possível viver em harmonia com o meio ambiente. Além disso, ela é uma celebração da diversidade e da inclusão."

Mas além da música e da dança, a fé também ocupa um lugar central na cultura da cidade. Entre os eventos mais famosos está o Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do Brasil e também considerado o Natal dos Paraenses. Realizado no mês de outubro, ele reúne milhões de pessoas em procissões, promessas, cores e emoção pelas ruas da cidade (em 2024 o público ultrapassou 2 milhões de fiéis).

Em 2013 o Círio de Nazaré foi declarado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura).

Manoel Campos é devoto de Nossa Senhora e fotografa o evento há 15 anos. Para ele, o Círio vai além de uma procissão tradicional. É a renovação de sua fé. “Eu vivo o Círio desde criança, e ver ele sendo exposto ao mundo, me traz a sensação de imensa alegria de ver que outras pessoas terão a possibilidade de conhecer o que o Círio proporciona: é a fé viva!”

Ah, e Belém ainda tem os museus! A verdade é que Belém respira arte nos seus espaços e centros culturais. O Theatro da Paz, por exemplo, foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia. Suas características grandiosas, acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, pinturas nas paredes e no teto, dezenas de obras de arte e elementos decorativos revestidos com folhas de ouro impressionam a todos.

Já o museu Forte do Presépio conta a história do início de Belém, conquistada pelos portugueses em 1616. O Museu da Gema mostra os detalhes e as riquezas das gemas, minerais, pedras preciosas e joias inspiradas nas tradições nortistas. O Memorial Amazônico da Navegação é um espaço que traduz características do ambiente amazônico e as atividades realizadas nos rios.

Exposições de embarcações (algumas em tamanho real e outras em miniatura) objetos, fotografias, textos, painéis, instalações e equipamentos registram a relação da população local com a navegação, presente até os dias de hoje na cultura e na economia da região.

O Memorial Amazônico da Navegação fica dentro do Parque Zoobotânico Mangal das Garças, um outro espaço que emana cultura e claro, muita natureza! Criado pelo Governo do Pará em 2005, a área conta com cerca de 40.000 metros quadrados às margens do Rio Guamá, bem perto do centro histórico de Belém. São vários espaços para serem explorados, como o Farol de Belém (uma torre de 47 metros de altura e dois níveis de observação, a 15 e a 27 metros), o Mirante do Rio, o borboletário, e o Lago Cavername & Lago da Ponta, onde aves pernaltas, marrecas e quelônios convivem nos lagos artificiais.

Em 40 dias a COP30 será o momento em que o mundo inteiro voltará os olhos para a Amazônia. E Belém estará pronta — com suas vozes, seus sabores, seus rios, suas lutas e sua gente — para mostrar que o futuro sustentável também tem sotaque do Norte.