Presidente do Sated minimiza denúncia de Taís Araújo contra autora de 'Vale Tudo'

Hugo Gross, representante do sindicato dos artistas do Rio, comentou a queixa feita pela atriz ao compliance da TV Globo e negou que haja racismo no caso

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 15:29

Hugo Gross, representante do sindicato dos artistas do Rio, comentou a queixa feita pela atriz ao compliance da TV Globo e negou que haja racismo no caso
Hugo Gross, representante do sindicato dos artistas do Rio, comentou a queixa feita pela atriz ao compliance da TV Globo e negou que haja racismo no caso Crédito: Reprodução

O presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro (Sated-RJ), Hugo Gross, comentou a denúncia feita por Taís Araújo ao setor de compliance da TV Globo contra a autora Manuela Dias, após discordâncias sobre o rumo da personagem Raquel no remake da novela Vale Tudo.

Em entrevista ao portal Metrópoles nesta quarta-feira (5), Gross minimizou o caso e afirmou que a situação não envolve questões raciais. “Está reclamando de negros porque não teve papel para negro em Vale Tudo. Hoje qualquer coisa é que o negro não teve chance. Vale Tudo teve três protagonistas negros. Tem que parar com isso. A vida não é isso. Qualquer coisinha dizem que é racismo”, declarou.

O dirigente afirmou ainda que a emissora “sempre deu oportunidades” para artistas negros e que a discussão em torno da falta de representatividade é “vaidade”. Segundo estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), entre 1994 e 2014, apenas 10% dos personagens principais das novelas da Globo eram negros. O cenário começou a mudar em 2023, quando, pela primeira vez, todas as novelas inéditas no ar tiveram protagonistas negros.

“A Globo está colocando os negros para trabalhar, mais do que obrigação. Sempre teve chance e hoje tem ainda mais. O autor escreve o que quiser e o ator tem que executar e agradecer, se tiver humildade”, afirmou Gross. Ao ser questionado sobre as possíveis consequências da denúncia de Taís, ele completou: “Não existe perseguição racial. As pessoas estão banalizando isso. O ator não tem cor nem sexo. Negro e branco é tudo igual.”

A denúncia feita por Taís Araújo foi revelada pela coluna F5, da Folha de S.Paulo. Segundo a publicação, a atriz procurou Manuela Dias em agosto para discutir o desenvolvimento da personagem Raquel, por se sentir incomodada com o fato de interpretar mais uma mulher negra retratada em meio a sofrimento. Ela também relatou ter recebido cobranças de movimentos negros dos quais participa, questionando a forma como a personagem era representada.

O diálogo entre as duas teria se transformado em uma discussão. Após o episódio, Taís levou o caso ao compliance da Globo, com o objetivo de promover um debate interno sobre a representação de pessoas negras nas produções da emissora. Manuela, por sua vez, teria registrado uma queixa contra a atriz por quebra do código de ética da empresa.

Segundo apuração, Taís também estaria insatisfeita com a redução de espaço de sua personagem na trama, que passou a aparecer com menos frequência e, em boa parte das vezes, em cenas de merchandising.

O desentendimento entre a atriz e a autora teria ocorrido antes da entrevista de Taís à revista Quem, em agosto, quando ela manifestou publicamente sua insatisfação com os rumos de Raquel. A fala teria irritado Manuela, que considerou inadequado levar o tema racial para o centro do debate.

Apesar do impasse, pessoas próximas à atriz afirmam que ela não guarda ressentimentos e que sua intenção é ampliar as discussões sobre a forma como pessoas negras são retratadas nas novelas da emissora.

Nem Taís Araújo, nem Manuela Dias, nem a TV Globo se pronunciaram oficialmente sobre o caso até o momento.