Ednaldo Rodrigues perde apoio no STF e vê gestão na CBF ameaçada por escândalo de assinatura falsa

Perícia indica adulteração em assinatura de Coronel Nunes que sustentou reeleição de Ednaldo.

Publicado em 5 de maio de 2025 às 13:42

Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol.
Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

A crise no comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atingiu um novo e delicado capítulo. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, perdeu o apoio de um dos principais pilares de sua sustentação política: o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial do ministro Gilmar Mendes. Fontes ligadas à CBF revelaram ao Portal LeoDias que o desgaste entre o dirigente e membros da Corte decorre de promessas não cumpridas, exposição pública e, sobretudo, de escândalos recentes que lançam dúvidas sobre a legitimidade da reeleição de Ednaldo.

A relação entre Gilmar Mendes e a CBF vinha sendo questionada após a revelação de um acordo milionário entre a entidade e o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual o ministro é sócio. O instituto administra a CBF Academy, braço educacional da confederação. A parceria foi revelada por reportagem da revista Piauí e gerou incômodo dentro e fora do Supremo.

A gota d’água, no entanto, teria sido o não cumprimento de um compromisso firmado antes das eleições de março de 2024. Ednaldo teria prometido nomear três indicados pelos ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso para compor a diretoria da CBF. Apenas um dos nomes foi efetivado. A quebra do acordo desgastou de vez a relação com o Supremo, minando o respaldo político que sustentava o atual presidente.

Além do distanciamento político, um novo elemento jurídico ameaça desestabilizar a permanência de Ednaldo Rodrigues no comando da entidade. Um laudo médico e documentos obtidos com exclusividade indicam que a assinatura do ex-presidente da CBF, Coronel Nunes, no acordo homologado pelo STF pode ter sido falsificada. A suspeita surgiu após revisitar um laudo neurológico, datado de 2023, que atesta a incapacidade cognitiva de Nunes para realizar atos administrativos.

Segundo o neurologista Jorge Roberto Pagura, o ex-dirigente sofre de ataxia, com progressiva deterioração cognitiva. O diagnóstico reforça relatos de familiares de que Coronel Nunes, hoje com 85 anos, não consegue realizar atividades simples sem auxílio constante da esposa e da filha. Ainda assim, sua assinatura figura entre os signatários do acordo que viabilizou a reeleição de Ednaldo.

O caso ganha contornos ainda mais delicados com a revelação de transferências da ordem de R$ 3,5 milhões da CBF para contas jurídicas associadas a Nunes entre 2022 e 2024. Os repasses, mensais e no valor de R$ 100 mil, levantam suspeitas sobre o verdadeiro papel do ex-presidente no processo eleitoral da entidade.

Se confirmada a falsificação da assinatura, o acordo poderá ser anulado judicialmente, o que abriria caminho para a reversão das eleições da CBF realizadas em 2022 e 2025. Nesse cenário, Ednaldo Rodrigues pode ser removido do cargo, encerrando um mandato marcado por disputas internas, promessas não cumpridas e agora, suspeitas criminais.

A CBF ainda não se pronunciou oficialmente sobre os novos desdobramentos. Já o STF, embora não tenha emitido nota, acompanha com atenção os efeitos políticos e jurídicos de uma crise que pode redefinir o comando do futebol brasileiro.