Fifa ignora a Amazônia na seleção das sedes para Copa do Mundo Feminina no Brasil

Belém e Manaus ficaram de fora da lista de cidades escolhidas para receber o Mundial, apesar da estrutura e do histórico de grandes eventos no Norte do país.

Publicado em 8 de maio de 2025 às 11:09

Mangueirão é o principal palco do futebol da Amazônia - 
Mangueirão é o principal palco do futebol da Amazônia -  Crédito: Daniel Aragão/Paysandu

A Fifa anunciou nesta quarta-feira (7) as oito cidades-sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, que será realizada no Brasil. Para decepção de muitos, nenhuma cidade da Região Norte foi contemplada, incluindo Belém e Manaus, as duas maiores capitais amazônicas.

Inicialmente, o projeto brasileiro previa 12 sedes, mas a entidade máxima do futebol e os organizadores locais optaram por reduzir esse número para oito. A decisão reacende uma antiga frustração para a capital paraense, que também foi ignorada na Copa do Mundo masculina de 2014, mesmo com forte campanha regional à época.

Belém ficou de fora, apesar da estrutura e dos eventos recentes

A exclusão da Amazônia na Copa Feminina chama atenção principalmente diante da crescente relevância de Belém no cenário esportivo nacional. O Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, maior do Norte brasileiro, foi palco de importantes partidas nos últimos anos, como:

  • A estreia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2026
  • A final da Supercopa do Brasil 2024, entre Flamengo e Botafogo
  • Um dos jogos do Campeonato Carioca entre Flamengo x Sampaio Corrêa
  • Sede de treinamentos da Seleção antes do duelo contra a Venezuela

Além disso, os clubes Remo e Paysandu, que disputam a Série B do Brasileirão, têm mobilizado grandes públicos no Mangueirão, sendo responsáveis por três dos cinco maiores públicos da competição em 2024. O futebol da região, portanto, mostra força técnica, histórica e de torcida, mas mesmo assim segue fora dos planos da Fifa.

"É uma perda para todo o Brasil e visitantes que a Amazônia não participe da Copa do Mundo Feminina 2027. Mesmo com plenas condições de receber os jogos, as capitais da nossa região ficaram de fora. Por isso a COP 30 é tão importante. Vamos mudar esse cenário e apresentar ao mundo as belezas e a potência do Norte", lamentou o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

O prefeito de Belém, Igor Normando, também lamentou a exclusão de Belém. "Belém ficou de fora da Copa do Mundo Feminina 2027. Mesmo com estrutura e condições de receber. A gente sabe o que isso representa e é por isso que seguimos lutando pra colocar Belém e a Amazônia no centro dos grandes eventos. A COP30 tá aí pra mostrar do que somos capazes".

Falta de representatividade preocupa

A ausência da Amazônia nas sedes da Copa Feminina levanta questionamentos sobre a representatividade regional no futebol brasileiro e mundial. Ao ignorar uma região com tradição, infraestrutura e apaixonados torcedores, a decisão da Fifa reforça um centralismo histórico que favorece regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

A Copa do Mundo Feminina de 2027 será disputada de 24 de junho a 25 de julho, com a seleção brasileira já classificada por ser o país-sede. A expectativa agora se volta para como a ausência da Amazônia impactará o engajamento do Norte do Brasil com a competição.