Publicado em 9 de maio de 2025 às 14:31
A crise que abala os bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira (09), quando o desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou a convocação de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, para uma audiência no âmbito da investigação sobre uma possível falsificação de sua assinatura em um acordo que manteve Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade.>
A oitiva está marcada para a próxima segunda-feira (12), às 14h (horário de Brasília), na sala de sessões da 21ª Câmara de Direito Privado do Rio. Caso prefira, o ex-presidente da CBF, que teve passagens pela entidade em dois períodos distintos, poderá participar por videoconferência, devido ao seu estado de saúde fragilizado.>
Como forma de facilitar a tramitação e considerando as condições clínicas de Nunes, a Justiça determinou que o responsável por receber a intimação seja o advogado André Mattos, diretor jurídico da CBF, que, segundo o processo, teria representado o Coronel na assinatura do acordo contestado.>
A convocação acontece na esteira da repercussão de um laudo técnico assinado pela perita em documentoscopia Jacqueline Tirotti. No documento, datado de 4 de maio, Tirotti conclui que as assinaturas questionadas no acordo “divergem do punho periciado do vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima em características personalíssimas e imperceptíveis”. A análise ainda aponta para a “fragilidade do documento questionado”, mencionando a ausência de rubricas e fixação das folhas, fator que, segundo a perícia, pode ter facilitado a troca de páginas e alteração do conteúdo.>
Essas suspeitas embasaram o pedido de Fernando Sarney, também vice-presidente da CBF, para anular o acordo que sustentou a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação.>
O caso teve um desdobramento importante na última quarta-feira (07), quando o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu não afastar Ednaldo do cargo. O ministro justificou a decisão alegando “falta de legitimidade dos requerentes” para ajuizar a ação em questão. No entanto, Mendes reconheceu a gravidade dos indícios apresentados, apontando “suspeitas de vícios de consentimento” no acordo, e determinou o envio do processo ao TJ-RJ para aprofundamento das investigações.>
Responsável por relatar a decisão de 2023 que afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF, o desembargador Gabriel Zefiro volta agora ao centro do caso. A convocação de Coronel Nunes sinaliza a continuidade de um processo que pode ter repercussões profundas na governança da principal entidade do futebol brasileiro.>