Mesquita conta história de como virou engenheiro do Mangueirão: 'Coisa espetacular'

Com uma rica história desde sua construção na década de 70, o Estádio do Mangueirão deu a oportunidade de um dos principais jogadores do futebol paraense de “mudar” de ramo ao final da carreira. Ídolo do Remo, o ex-jogador Raimundo Mesquita passou a vestir a camisa do estádio depois que encerrou a carreira...

Publicado em 12 de janeiro de 2023 às 11:00

Com uma rica história desde sua construção na década de 70, o Estádio do Mangueirão deu a oportunidade de um dos principais jogadores do futebol paraense de 'mudar' de ramo ao final da carreira. Ídolo do Remo, o ex-jogador Raimundo Mesquita passou a vestir a camisa do estádio depois que encerrou a carreira dentro das quatro linhas. Em conversa com a equipe de reportagem do Portal Roma News, Raimundo Mesquita contou como aconteceu o convite do governo do Pará para que ele pudesse integrar o quadro de funcionários do Estádio do Mangueirão e ser o responsável pelos cuidados que o gramado da praça esportiva recebe ao longo dos anos.

Aos 71 anos, Mesquita conta que o convite surgiu há cerca de 40 anos. Formado engenheiro agrônomo em 1981, ele recebeu o convite do então chefe da Casa Civil do governo do Pará, Manoel Ribeiro - que também esteve como presidente do Remo em diversas oportunidades -, em 1993. Para Mesquita, o convite foi 'espetacular' e casou bem com o que ele estava pensado para a sequência fora dos gramados.

'Eu me formei (como engenheiro agrônomo) em 1981. Inclusive, está fazendo 41 anos (de graduação) agora. Eu já estava me desligando do futebol, se bem que o futebol ainda estava dentro de mim, porque aí eu comecei a fazer cursos. Comecei a me interessar muito (pela área). Aí surgiu o convite do doutor Manoel Ribeiro, que na época, em 1993, mais ou menos, era o chefe da Casa Civil no governo de, se eu não me engano, do governador Jader Barbalho. Ele chegou comigo e me convidou. Foi uma coisa espetacular e inusitada. Eu passei a ser o responsável pelo gramado do Estádio do Mangueirão. Foi uma coisa jamais vista. Um negócio espetacular. Esse foi o convite e até hoje, graças a Deus, me esforço muito. Estudo muito para que realmente a coisa aconteça de maneira bem bacana no nosso estádio', contou.

Antes de passar para o setor administrativo do Estádio do Mangueirão, Mesquita relembrou alguns momentos históricos que viveu na época de jogador. O ex-jogador e atual engenheiro agrônomo do estádio lembra que pisar no gramado do Mangueirão era o objetivo da carreira de todo jogador paraense no século XX. Mesquita conta que a notícia da construção do estádio deixou todos muito animados nos clubes.

'Jogar no Mangueirão era o objetivo de todo jogador de futebol naquela época. De 1978 para trás, nós já jogávamos grandes jogos, grandes clássicos em Belém. Alguns eram jogado no (Estádio) Antônio Baena, o Baenão. E alguns jogos na Curuzu. Mas sempre grandes jogos. Quando surgiu a obra (do Estádio do Mangueirão) como notícia, todo mundo ficou animado, todo os jogadores ficaram contentes por sair de um estádio pequeno para um estádio grande. A repercussão (dos jogos) seria maior. Entende?! Jogar no Mangueirão seria o maior objetivo de todos nós naquela época. Então para nós foi um prazer muito grande'.

Gols nas estreias

Embora a história conte apenas a partida entre a Seleção Paraense e a Seleção Uruguaia, em março 1978, como a primeira oficial do Estádio do Mangueirão, Raimundo Mesquita esteve presente naquele que, de fato, foi o primeiro jogo a acontecer no estádio. Também em 1978, mas em fevereiro, Remo e Operário de Mato Grosso jogaram no Estádio do Mangueirão por conta da proibição, por parte da Confederação Brasileira de Desportos (hoje CBF), de jogos no Estádio Baenão. Mesquita, aliás, esteve nas duas partidas no Estádio do Mangueirão. No duelo entre Seleções, inclusive, ele anotou dois gols na goleada paraense por 4 a 0.

'Nós estreamos (no Estádio do Mangueirão), de maneira oficiosa, quando enfrentamos o Operário de Mato Grosso e ganhamos de 2 a 0. Mas oficialmente, a partida de abertura foi Seleção Paraense e Seleção uruguaia. Vencemos de 4 a 0 e eu fiz dois gols. A gente já estava praticamente vivenciando aquela obra e a partir de 1978 a coisa foi evoluindo mais. A gente jogava no estádio vendo o 'bandolão' (nome dado ao fato de ter apenas uma arquibancada pronta). Fomos sempre jogando aqui nesse momento de construção do estádio. Vivenciando esse momento', contou.

Mesquita lembrou ainda das conquistas que teve dentro do Estádio do Mangueirão na época em que defendeu o Remo. Com a camisa azulina, ele ostentou um tricampeonato paraense no final da década de 70. Além disso, ele coloca uma vitória no clássico Re-Pa como o maior jogo que viu e participou dentro do estádio.

'O grande momento que eu vivenciei de jogos foi com Re-Pa em 1979, quando fomos tricampeões. Estava tudo, mais ou menos, armado para o Paysandu ser o campeão. Nós viramos um jogo em que era 'a melhor de três'. No primeiro jogo, o Paysandu ganhou de 1 a 0 ou 2 a 1, não lembro exatamente. Já no segundo jogo, que era decisão, eles jogavam pelo empate. O Paysandu chegou a fazer 1 a 0 e nós viramos o jogo de maneira inacreditável para 2 a 1. Esse jogo para mim marcou. Tudo estava dando errado naquele momento. Esse jogo que ganhamos de 2 a 1, em 1979, e fomos tricampeões paraenses, marcou para mim'.

Carreira no futebol

Paraense de Belém, Mesquita iniciou a carreira na Tuna. Apesar de está no seleto grupo de grandes ídolos do Remo, ele guarda com carinho a lembrança da época em que defendeu a Águia do Souza. Ele conta que foi o clube do Souza que o formou no futebol e lhe deu oportunidade de jogar em Remo e Paysandu e fora do país, quando passou pelo futebol de Portugal.

'Comecei na base da Tuna, com 14 anos. Depois passei no Paysandu e fui para Portugal também. Lá em Portugal eu tive a responsabilidade de ser um profissional. Aprendi a ser um profissional cuidando do corpo, dentro e fora de campo. Tudo isso me ajudou muito. Depois voltei e fui para o Remo. Eu sou um dos poucos jogadores a ser campeão nos três grandes clubes de Belém', finalizou.