Publicado em 16 de setembro de 2025 às 07:38
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ampliou a investigação sobre as finanças e a gestão do Corinthians para apurar possíveis conexões do clube com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Além do uso de cartões de crédito e relatórios de despesas da presidência, a promotoria agora busca esclarecer se jogadores do Timão se hospedaram em imóvel ligado a José Carlos Gonçalves, o Alemão, apontado em investigações como figura de peso no crime organizado.>
O promotor Cássio Roberto Conserino pediu explicações aos atletas Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno, que teriam morado em apartamento de Alemão no bairro Anália Franco, em São Paulo. A promotoria investiga se houve intermediação do clube na locação. Os jogadores, até o momento, são ouvidos apenas como testemunhas.>
A investigação ganhou novos contornos após depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, que afirmou ao MP, em 14 de agosto, que “o crime organizado se infiltrou” no clube. Ele disse ainda estar sendo ameaçado por sua atuação.>
Essa não é a primeira vez que o Corinthians é citado em apurações sobre o PCC. Em investigações anteriores, autoridades apontaram que parte do dinheiro de um contrato com a ex-patrocinadora VaideBet teria ido para empresas ligadas à facção. Também no ano passado, o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, e, em seguida, investigações envolvendo Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, citaram negociações de atletas como Du Queiroz e Igor Formiga.>
Como está a investigação>
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi aberto em 30 de julho para apurar supostos crimes de apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa. Inicialmente, o foco eram cartões de crédito corporativos usados nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves, mas a apuração também alcançou as despesas da presidência, incluindo o atual mandato de Augusto Melo.>
Na última semana, o Corinthians informou que concluiu o envio dos documentos solicitados pelo MP, referentes ao período de 2018 a 2025, incluindo faturas e relatórios de despesas. A promotoria ainda não confirmou o recebimento.>
O depoimento do empresário João Clóvis, dono de um restaurante suspeito de emitir notas frias ao clube, estava marcado para segunda-feira (9), mas foi adiado após a defesa impetrar um habeas corpus. Já o vice-presidente Armando Mendonça deve ser ouvido na próxima segunda-feira (16).>
O MP também pediu à Justiça o afastamento dos últimos três presidentes do Corinthians — Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo. Ainda não houve decisão judicial sobre o pedido, assim como no caso da quebra de sigilo dos cartões de crédito do clube.>