Transição para modelos de baixo carbono, mudanças climáticas e seus impactos ambientais e sociais movimentam Semana do Clima

Segundo dia do evento em Belém (PA) foi marcado pelos eventos autogestionados, organizados pelas instituições parceiras. Temas como bioeconomia, inovações, transição energética, mudanças climáticas e o protagonismo das juventudes foram debatidos

Publicado em 17 de julho de 2025 às 14:27

Vários encontros foram realizados nesta quinta-feira (17)
Vários encontros foram realizados nesta quinta-feira (17) Crédito: Divulgação

O segundo dia da Semana do Clima da Amazônia movimentou debates fundamentais sobre temáticas como mudanças climáticas, transição justa, soluções inovadoras, bioeconomia e necessidade de união de esforços para superar crises, além do papel da juventude nesse contexto.

A programação da quarta-feira (16), que aconteceu em diferentes locais em Belém, teve destaque para os eventos autogestionados, organizados pelas instituições parceiras do evento, que enviaram previamente suas propostas. Pela manhã, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) recebeu o painel “Minerais Essenciais para a Transição para uma Economia de Baixo Carbono”, promovido pelo Fundo Vale.

Com a proposta de discutir a importância dos minerais essenciais para a fabricação de tecnologias limpas e a transição para uma economia de baixo carbono, o painel foi mediado por Maria Emília Peres, sócia-líder de soluções de Sustainability da Delloite, e contou com a participação de Alex Carvalho, presidente da Fiepa, Paula Marlieri, diretora de Relações Externas da Hydro, e Rodrigo Lauria, diretor de Mudanças Climáticas e Carbono, da Vale.

Durante o encontro, o presidente da Fiepa, Alex Carvalho, chamou a atenção para a força e o potencial que o Brasil possui nessa área. “Precisamos realmente debater e pensar o que estamos fazendo, que não permite que a agregação de valor esteja sendo ainda maior na cadeia sob os aspectos sociais, ambientais e econômicos. Precisamos superar as relações conflituosas entre os setores econômicos, políticos e as pessoas. Precisamos que o Brasil se descubra e se assuma como a potência que é, que a partir disso vamos começar a virar o jogo”, observou.

Já para Paula Marlieri, o país tem uma oportunidade-chave na mão e precisa aproveitar. “O Brasil possui uma janela de oportunidade e de ampla visibilidade única e precisa aproveitar e se reposicionar, assim como o Pará. O Estado tem condições de despontar como uma potência maior ainda do que já, temos um modal logístico para escoamento da produção, temos minerais críticos e temos floresta, esse bem tão valioso. Agora é preciso unir forças, estruturar e ligar todos esses diferentes pontos, para sermos parte da solução, juntar percepções, ampliar vozes, para que isso faça mais sentido e dê resultados maiores e melhores”, reforçou a diretora da Hydro.

Os minerais essenciais para a transição para uma economia de baixo carbono são aqueles utilizados na fabricação de tecnologias limpas e sustentáveis, como painéis solares, turbinas eólicas, baterias de lítio, carros elétricos e redes elétricas inteligentes, e são fundamentais para viabilizar a descarbonização da matriz energética global, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e impulsionar a transição energética com responsabilidade ambiental e inovação tecnológica.

O segundo painel do dia abordou as “Inovações tecnológicas e descarbonização na indústria”. Mediado pelo vice-presidente sênior de Tecnologia da Hydro, o evento contou com as participações de Malu Paiva (Suzano), Luis Bittencourt (New Wave) e Sandy Sutherland, vice-presidente sênior de Estratégia, Energia e Pesquisa da Hydro.

Bioeconomia e territórios sustentáveis – Já pela parte da tarde, o destaque ficou por conta do painel “O papel das empresas no desenvolvimento sustentável dos territórios”, realizado pelo Instituto Ethos. Entre os participantes, estiveram nomes como José Ivanildo Brilhante, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Eugênio Pantoja, gerente sênior de Performance Social da Hydro, Tainah Fagundes, DaTribu e Assobio, e Carlos Carlos Demetrio, representante da Cooperação Alemanha-Brasil (GIZ).

“Debates como esse são muito importantes e precisamos que ocorram cada vez mais, pois eles ajudam a fundamentar a regulação, promovem diálogos transparentes e estimulam políticas públicas e outras iniciativas sociais que atendam às demandas de comunidades, principalmente no sentido da inclusão econômica”, observou o gerente da Hydro, Eugênio Pantoja.

Quem também ressaltou a importância do momento foi José Ivanildo Brilhante, do CNS. “Precisamos discutir essa estratégia de relacionamento, entre empresas e produtores, discutir a castanha, o açaí, o cacau, a resina, as sementes, mas discutir sob uma outra ótica, levando em consideração o serviço ambiental que essa produção tem e não somente o lucro ou sob a ótica de uma pressão por lucratividade e produtividade. O desafio é esse, entender que é uma lógica que precisa de tempo e que, se resultar na morte da floresta, é o fim da nossa vida e da vida do planeta”, destacou Brilhante.

Diálogos e pontes

Também como parte dos eventos autogestionados, a Estação das Docas foi palco do Fórum Cojovem: Do Local ao Global. Dezenas de jovens se reuniram no Teatro Maria Sylvia Nunes, para assistir ao documentário “A quem pertence o amanhã?”, que mostra o cotidiano de três jovens amazônidas que, por causa da degradação de seus territórios e da urgência climática, se mobilizam para buscar soluções e manter seus sonhos de um futuro possível.

Para Karla Braga, fundadora do Cojovem, instituição que trabalha para fortalecer os direitos das juventudes sob a perspectiva socioambiental, a Semana do Clima tem representado uma oportunidade de fortalecer esse espaço de diálogo e construção coletiva. “Eu acredito muito no diálogo, porque o diálogo é o que constrói pontes entre mentes e corações. Algo que tem me empolgado muito nesse espaço é entender que está todo mundo disposto a cooperar pela Amazônia e compreender o desenvolvimento do Brasil partindo da Amazônia, e não mais de fora pra dentro. Eu acho que isso é muito importante e super possível”, afirmou.

A I Semana do Clima da Amazônia segue até o dia 18 de julho, com cerca de 30 eventos acontecendo em diferentes locais. A programação completa pode ser acessada pelo link :https://linktr.ee/semanadoclimadaamazonia. A programação terá um show de encerramento gratuito com a cantora Fafá de Belém, no Teatro Maria Sylvia Nunes, a partir das 19h.