Tuna e Águia questionam Governo do Estado e mineradora sobre investimento em CTs de Remo e Paysandu

Clubes do interior e da capital paraense cobram transparência e equidade após anúncio de parceria milionária que beneficia apenas Remo e Paysandu.

Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 12:18

Lusa e Azulão pediram mais equidade nos projetos esportivos - 
Lusa e Azulão pediram mais equidade nos projetos esportivos -  Crédito: Redes sociais

As diretorias da Tuna Luso Brasileira e do Águia de Marabá Futebol Clube divulgaram notas oficiais nesta terça-feira (24) questionando a exclusão de seus clubes no projeto de construção de dois centros de treinamento (CTs) na região metropolitana de Belém. A iniciativa, uma parceria entre o Governo do Estado do Pará e a Companhia Vale, foi anunciada com destino exclusivo aos dois maiores clubes da capital, Remo e Paysandu.

Em comunicado conjunto, os clubes afirmam que a decisão desconsidera a importância histórica e esportiva de outras agremiações do estado, classificando-a como "injusta" e pedindo políticas públicas mais equilibradas.

Tuna Luso cobra reconhecimento histórico e investimento equitativo

A nota da Tuna Luso Brasileira, um dos clubes mais tradicionais da capital paraense, manifesta "profundo descontentamento" com a seletividade do projeto. O clube, que tem histórico relevante na formação de atletas no estado, declarou sentir-se "esquecido" pela decisão das instituições.

"A Tuna Luso Brasileira, clube formador e com trajetória consolidada no futebol paraense, entende que políticas públicas e parcerias privadas devem ser pautadas pela justiça, equidade e reconhecimento histórico", destacou o texto. A diretoria da Águia Guerreira do Souza cobra que futuros investimentos sejam distribuídos de forma mais inclusiva, beneficiando o desenvolvimento esportivo do estado como um todo.

Águia de Marabá aponta contradição geográfica e esportiva

A crítica do Águia de Marabá foi ainda mais enfática. O clube do interior destacou em sua nota a "grave exclusão" sofrida, especialmente por sua localização estratégica. O Águia está sediado na região Sul e Sudeste do Pará, área que concentra as principais jazidas de minério de ferro exploradas pela própria Vale no estado.

Além do argumento geográfico, o clube ressaltou seu desempenho esportivo. Atualmente na 67ª posição no Ranking Nacional de Clubes da CBF, o Águia se apresenta como a "terceira força do futebol paraense", atrás apenas de Remo e Paysandu. O comunicado reconhece que o investimento "reforça a importância do futebol na cultura paraense", mas falha ao "ignorar equipes que vêm se consolidando e representando o estado fora da capital".

A reação dos dois clubes coloca em debate os critérios utilizados para a seleção dos beneficiários de grandes investimentos público-privados no esporte, evidenciando uma tensão histórica entre os clubes da capital e do interior, e mesmo entre as agremiações da própria Belém. A pressão agora recai sobre o governo estadual e a mineradora para que justifiquem a escolha ou revejam a abrangência da parceria.