Após críticas ao Pará, premiê alemão volta a provocar polêmica ao ironizar pães de Angola

A postura do primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, voltou a provocar desconforto internacional após novas declarações consideradas desrespeitosas. Desta vez, o alvo foi Angola. Durante uma visita oficial a Hamburgo, no norte da Alemanha, Merz comentou, em uma padaria, que não encontrou “um pedaço de pão decente” enquanto esteve em Luanda para compromissos da cúpula União Europeia–União Africana, realizada na última segunda-feira (24).

O comentário, feito de maneira informal, reforçou a imagem de desdém já associada ao líder alemão desde o início do mês, quando ele afirmou ter ficado “feliz por deixar Belém” após participar do encontro preparatório para a COP 30, sediado na capital paraense. À época, Merz afirmou a colegas e jornalistas que nenhum deles teria interesse em permanecer no Brasil, provocando reação imediata de autoridades paraenses.

As declarações sobre o Pará repercutiram negativamente no Brasil. O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), e o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), cobraram respeito ao Estado e ao evento climático que será sediado na Amazônia. Barbalho chegou a ironizar o chanceler: “Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia”.

Pressionado, Merz amenizou o tom dias depois, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no G20, afirmando não ter tido intenção de ofender os brasileiros — embora não tenha chegado a pedir desculpas formais.

As novas críticas direcionadas a Angola reacendem a discussão sobre a postura diplomática do premiê, que vem acumulando episódios de desgaste internacional. Para especialistas, declarações desse tipo fragilizam o ambiente de diálogo em eventos multilaterais e podem interferir no esforço de aproximação entre países europeus e nações do Sul Global.