Ataques dos EUA a embarcações no Caribe e no Pacífico elevam tensão diplomática na região

Ação militar contra barcos suspeitos de narcotráfico resulta em mortes, provoca reação da Venezuela e gera críticas de líderes latino-americanos.

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 08:09

Ataques dos EUA a embarcações no Caribe e no Pacífico elevam tensão diplomática na região
Ataques dos EUA a embarcações no Caribe e no Pacífico elevam tensão diplomática na região Crédito: Reprodução/X/@Southcom

Operações militares conduzidas pelos Estados Unidos em águas internacionais reacenderam o clima de tensão política e diplomática no Caribe e no Pacífico Oriental. Nesta segunda-feira (15), o Comando Sul norte-americano confirmou ataques contra três embarcações que, segundo informações de inteligência, estariam ligadas a rotas conhecidas do tráfico de drogas. O balanço divulgado aponta oito mortos.

De acordo com a versão oficial, os barcos navegavam por áreas monitoradas por ações antidrogas e integravam esquemas de narcotráfico na região. A ofensiva faz parte de um conjunto de operações intensificadas nos últimos meses, especialmente em áreas próximas à costa venezuelana.

Ainda segundo dados divulgados por Washington, pelo menos 22 ações desse tipo foram realizadas recentemente no Caribe e no Pacífico, com mais de 80 pessoas mortas. Para sustentar a estratégia, os Estados Unidos mobilizaram cerca de 15 mil militares e deslocaram mais de uma dezena de navios de guerra para a região.

A resposta do governo venezuelano foi imediata. O presidente Nicolás Maduro, no poder desde 2013, classificou os ataques como “execuções em série” e solicitou que a Organização das Nações Unidas investigue os episódios. Para ele, a ofensiva faz parte de uma tentativa dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, de enfraquecer seu governo. Maduro afirmou ainda que a população e as Forças Armadas do país resistirão a qualquer iniciativa externa nesse sentido.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, elevou o tom ao definir o cenário como uma “guerra não declarada”, enquanto o Ministério das Relações Exteriores denunciou o que chamou de “ameaça militar” por parte de Washington.

As operações também repercutiram fora da Venezuela. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou publicamente repúdio às mortes, afirmando que se opõe a práticas que classificou como genocídio e assassinatos cometidos por potências que exercem poder militar na região do Caribe.