Cannes Lions retira prêmios de agência Brasileira e expõe escândalo no mercado publicitário
Festival retira troféus de campanha brasileira por uso de conteúdo manipulado e IA; agência afasta líder criativo e se vê no centro da polêmica.
Publicado em 29 de junho de 2025 às 19:48
- Atualizado há 4 horas
A agência brasileira DM9 está no centro de uma crise que abalou a reputação da publicidade nacional no cenário internacional. O Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, considerado o Oscar do setor, anunciou a retirada dos prêmios concedidos à agência na edição deste ano, realizada entre 16 e 20 de junho, após identificar o uso de conteúdo manipulado e gerado por inteligência artificial nos materiais apresentados.
A decisão atinge diretamente a campanha “Efficient way to pay”, criada para a marca Consul, que havia conquistado um Leão de Bronze na categoria Creative Commerce e o cobiçado Grand Prix em Creative Data. Segundo a organização do festival, o videocase da campanha continha simulações de eventos e resultados de campanha que não ocorreram de fato, o que violaria as regras de representação fiel exigidas pela premiação.
“Nosso compromisso é celebrar a criatividade real e responsável. Manipulações como essa comprometem a confiança depositada por jurados e profissionais da indústria”, destacou o comunicado oficial do Cannes Lions.
O impacto da denúncia foi ainda maior. Após a revelação, a própria DM9 optou por retirar da competição outros dois cases: “Plastic Blood”, desenvolvido para a OKA Biotech, e “Gold=Death”, em parceria com a Urihi Yanomami. Segundo nota da agência, a decisão foi tomada em comum acordo com as marcas envolvidas após constatação de que os materiais não atendiam aos padrões de legitimidade exigidos.
Além da perda dos prêmios, a DM9 anunciou o afastamento de Ícaro Doria, ex-copresidente, CCO e principal responsável pelas campanhas. A empresa afirmou que ele foi o “responsável direto pelas falhas” que culminaram na punição internacional.
Com os casos anulados, o Brasil sofreu um duro golpe no ranking do festival. O número de Leões conquistados pelo país caiu de 107 para 95, uma das quedas mais expressivas dos últimos anos. Apesar do baque, o Brasil ainda se manteve em evidência graças aos cinco Grand Prix e ao Titanium conquistados por outras agências brasileiras.
