Publicado em 9 de maio de 2025 às 10:57
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou o processo de desligamento dos cerca de mil militares que se identificaram abertamente como transgêneros, conforme nova diretriz emitida nesta quinta-feira (08). A ordem também especifica que aqueles que ainda não se manifestaram publicamente sobre sua identidade de gênero terão 30 dias para deixarem voluntariamente as Forças Armadas. >
A medida segue a decisão da Suprema Corte, tomada na última terça-feira (06), que autorizou o governo de Donald Trump a restringir a presença de pessoas trans no serviço militar. Em resposta, o Pentágono anunciou que analisará prontuários médicos em busca de integrantes diagnosticados com disforia de gênero que ainda não tenham se declarado oficialmente.>
Segundo uma estimativa da rede CNN, citando fontes do Pentágono, até 9 de dezembro de 2024 havia 4.240 militares com diagnóstico de disforia de gênero em serviço ativo, na Guarda Nacional e na reserva — número que representa uma pequena fração dos cerca de 2 milhões de militares em serviço, embora o próprio governo reconheça que o total real pode ser maior.>
A diretriz divulgada nesta quinta-feira é semelhante a um memorando enviado em fevereiro, que havia sido suspenso temporariamente por ações judiciais. Na ocasião, o Pentágono ofereceu um prazo de 30 dias para que os militares se identificassem como transgêneros. Desde então, aproximadamente mil pessoas se manifestaram.>
Em nota oficial, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, confirmou que esses militares “iniciarão o processo de desligamento voluntário” das Forças Armadas. Já o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, deixou clara sua posição após a decisão da Suprema Corte que autorizou a exclusão de militares transgêneros do serviço ativo.>
— Chega de trans no Departamento de Defesa — escreveu Hegseth em uma publicação na rede social X (antigo Twitter).>
Mais cedo, durante uma conferência de forças especiais em Tampa, antes mesmo da decisão da Corte, o secretário já havia sinalizado mudanças na política da pasta.>
— Estamos deixando para trás o politicamente correto e a fraqueza — declarou. — Chega de pronomes. Chega de caras de vestido. Estamos encerrando essa palhaçada.>
Briga na Justiça>
Como ocorre com a maior parte das determinações do governo Trump 2.0, a ordem executiva foi questionada nos tribunais, sob alegação de que viola o princípio constitucional de que todos são iguais perante a Lei.>
Em um dos sete casos apresentados à Justiça, a comandante Emily Shilling, da Marinha, cita seu histórico de 19 anos de serviço, incluindo missões de combate no Iraque e Afeganistão. Ela serviu de exemplo para uma ordem, emitida em março pelo juiz federal Benjamin Settle, do estado de Washington, que barrou os planos de Trump em âmbito nacional.>
Segundo a decisão, “nenhuma alegação ou evidência de que ela seja, ou tenha sido, um prejuízo para a coesão de sua unidade, ou para a letalidade ou prontidão das Forças Armadas, ou que ela seja mental ou fisicamente incapaz de continuar seu serviço”. Ele completou dizendo que a política de Trump era “de exclusão sem fundamento, dramática e aparentemente injusta”.>