Ex-chefe diplomática da UE, é detida em Bruxelas sob suspeita de fraude

Mandados de busca em instituições da União Europeia resultam em prisões.

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 08:09

Ex-chefe da diplomacia da UE, é detida em Bruxelas sob suspeita de fraude
Ex-chefe da diplomacia da UE, é detida em Bruxelas sob suspeita de fraude Crédito: Reprodução/Instagram/@euinalbania

A ex-alta-representante da União Europeia, Federica Mogherini, foi presa nesta terça-feira (2), em uma operação da polícia belga que investiga suspeitas de fraude e favorecimento em contratos públicos. A ação, realizada a pedido da Procuradoria Europeia, também levou à detenção de outras duas pessoas ligadas ao convênio em questão.

As acusações e o objeto da investigação

De acordo com o Ministério Público Europeu, o alvo é um contrato para um programa de formação de diplomatas, previsto para 2021/2022, que teria sido concedido ao Colégio da Europa, instituição da qual Mogherini é reitora desde 2020. A Promotoria suspeita que a licitação foi manipulada: há indícios de que critérios de seleção e informações confidenciais teriam sido compartilhados antecipadamente, violando os princípios de concorrência justa. A soma envolvida no contrato investigado é de cerca de 650 mil euros (aproximadamente R$ 4 milhões).

Buscas foram realizadas tanto no edifício do Colégio da Europa, em Bruges, quanto nas instalações do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), órgão diplomático da União Europeia, em Bruxelas, o que demonstra o alcance da investigação. Os suspeitos, incluindo Mogherini, o vice-diretor da instituição e outro ex-alto funcionário, podem ser mantidos em custódia por até 48 horas antes de serem apresentados a um juiz.

Perfil dos investigados e impacto institucional

Federica Mogherini, 52 anos, tem currículo de destaque: já foi Alta-Representante da UE para Política Externa e Segurança, vice-presidente da Comissão Europeia e ministra de Relações Exteriores da Itália. Desde 2020, comanda o Colégio da Europa, instituição responsável por formar quadros para a máquina diplomática do bloco. O outro detido é Stefano Sannino, ex-secretário-geral do SEAE entre 2021 e 2024.

A suspeita é grave: envolve potenciais crimes de fraude em contratos públicos, corrupção, conflito de interesses e violação de sigilo profissional. Se comprovadas, as irregularidades podem abalar a reputação de uma das principais escolas de diplomacia da Europa e levantar questionamentos sobre os processos internos da UE.

Próximos passos e repercussões

A Promotoria Europeia informou que a investigação busca rastrear qualquer forma de favorecimento e irregularidade, inclusive envolvendo colaboradores externos que possam ter fornecido dados privilegiados ou influenciado o resultado da licitação. As consequências variam desde anulação do contrato até sanções criminais aos envolvidos.