Publicado em 30 de outubro de 2025 às 10:17
Estadão Conteúdo - Pessoas em todo o norte do Caribe retiravam nesta quinta-feira (30), os destroços causados pela destruição do Furacão Melissa, enquanto o número de mortes provocadas pela tempestade catastrófica aumentava. Somente no Haiti, ao menos 25 pessoas morreram e outras 18 estão desaparecidas. Também há registro de mortes na Jamaica.>
Na quarta-feira (29), a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que devastação provocada pelo fenômeno atingiu ‘níveis sem precedentes’. Espera-se que o Melissa passe a oeste das Bermudas no fim desta quinta-feira (30).>
Impactos do furação na Jamaica>
O barulho de maquinaria pesada, o lamento das motosserras e o cortar de facões ecoavam pelo sudeste da Jamaica, enquanto trabalhadores do governo e moradores começavam a desobstruir estradas em uma tentativa de alcançar comunidades isoladas que sofreram um impacto direto de uma das tempestades atlânticas mais poderosas já registradas.>
Moradores atônitos vagavam, alguns observando suas casas sem telhado e pertences encharcados espalhados ao redor. "Eu não tenho mais uma casa", disse angustiado Sylvester Guthrie, morador de Lacovia, na paróquia sulista de St. Elizabeth, enquanto segurava sua bicicleta, a única posse de valor que restou após a tempestade.>
"Eu tenho um terreno em outro local onde posso reconstruir, mas vou precisar de ajuda", implorou o trabalhador da área de saneamento.>
Voos de ajuda emergencial começaram a pousar no principal aeroporto internacional da Jamaica, que reabriu na tarde de quarta-feira, enquanto equipes distribuíam água, comida e outros suprimentos básicos.>
"A devastação é enorme", disse o Ministro dos Transportes da Jamaica, Daryl Vaz.>
As autoridades disseram que encontraram pelo menos quatro corpos no sudoeste da Jamaica.>
O primeiro-ministro, Andrew Holness, disse que até 90% dos telhados na comunidade costeira sudoeste de Black River foram destruídos. "Black River é o que você descreveria como o marco zero", disse ele. "As pessoas ainda estão tentando assimilar a destruição.">
Após o caos, mais de 25 mil pessoas permaneciam aglomeradas em abrigos por todo o lado oeste da Jamaica, com 77% da ilha sem energia elétrica.>
O furacão Melissa, de categoria 5, atingiu o solo jamaicano na terça-feira (28), como um dos furacões mais fortes já registrados no Atlântico, com ventos máximos de 295 km/h, antes de perder força e seguir para Cuba.>
Morte e inundações no Haiti>
Melissa também provocou inundações catastróficas no Haiti, onde pelo menos 25 pessoas morreram e outras 18 estão desaparecidas, na maioria da região sul do país.>
Steven Guadard, que mora em Petit-Goâve, disse que Melissa matou toda a sua família. "Eu tinha quatro crianças em casa: um bebê de 1 mês, um de 7 anos, outro de 8 anos e mais um que estava prestes a completar 4 anos", disse ele.>
A Agência de Proteção Civil do Haiti disse que o furacão Melissa matou pelo menos 20 pessoas em Petit-Goâve, incluindo 10 crianças. Também danificou mais de 160 casas e destruiu outras 80.>
Oficiais alertaram que 152 pessoas com deficiência na região sul do Haiti precisavam de assistência alimentar emergencial. Mais de 11,6 mil pessoas permaneceram abrigadas no Haiti por causa da tempestade.>
Recuperação lenta em Cuba>
Enquanto isso, em Cuba, as pessoas começaram a desobstruir estradas e rodovias com equipamentos pesados e até contaram com a ajuda do exército, que resgatou pessoas presas em comunidades isoladas e em risco de deslizamentos de terra.>
Não foram relatadas fatalidades depois que a Defesa Civil retirou mais de 735 mil pessoas em todo o leste de Cuba. Eles estavam começando a voltar para casa lentamente.>
"Estamos limpando as ruas, desobstruindo o caminho", disse Yaima Almenares, uma professora de educação física da cidade de Santiago, enquanto ela e outros vizinhos varriam galhos e detritos das calçadas e avenidas, cortavam troncos de árvores caídos e removiam lixo acumulado.>
Nas áreas mais rurais fora da cidade de Santiago de Cuba, a água permaneceu acumulada em casas vulneráveis na noite de quarta-feira enquanto os moradores retornavam de seus abrigos para salvar camas, colchões, cadeiras, mesas e ventiladores que haviam elevado antes da tempestade.>
Uma reunião da Defesa Civil televisionada, presidida pelo presidente Miguel Díaz-Canel, não forneceu uma estimativa oficial dos danos. No entanto, autoridades das províncias afetadas - Santiago, Granma, Holguín, Guantánamo e Las Tunas - relataram perdas de telhados, linhas de energia, cabos de telecomunicações de fibra óptica, estradas cortadas, comunidades isoladas e perdas de plantações de banana, mandioca e café.>
Os oficiais disseram que as chuvas foram benéficas para os reservatórios e para aliviar uma grave seca no leste de Cuba.>
Muitas comunidades ainda estavam sem eletricidade, internet e serviço telefônico devido a transformadores e linhas de energia derrubadas.>
Antes de atingir a costa, o Melissa já havia sido responsável por três mortes na Jamaica, três no Haiti e uma na República Dominicana.>