Maduro envia carta à ONU e pede reação internacional contra ações dos EUA

Presidente venezuelano alerta para risco de conflito global e diz que país não provocou ofensiva militar

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 14:50

Presidente venezuelano alerta para risco de conflito global e diz que país não provocou ofensiva militar
Presidente venezuelano alerta para risco de conflito global e diz que país não provocou ofensiva militar Crédito: Reprodução

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta aos 194 países que integram a Organização das Nações Unidas ONU pedindo uma reação conjunta contra o que classificou como escalada militar dos Estados Unidos. No documento, encaminhado na segunda-feira, 22 de dezembro, o líder venezuelano afirma que o silêncio da comunidade internacional diante das ações norte-americanas pode abrir caminho para um conflito de grandes proporções.

Na mensagem, Maduro compara o cenário atual a momentos históricos marcados pela omissão internacional e afirma que a tolerância ao uso unilateral da força ameaça a estabilidade global. Segundo ele, a Venezuela mantém uma postura de paz, mas está preparada para defender sua soberania, integridade territorial e recursos naturais diante de possíveis agressões.

O presidente venezuelano sustenta que não cometeu nenhum ato que justificasse uma ação militar contra o país. Ainda de acordo com a carta, desde o início da mobilização militar dos Estados Unidos na região, ao menos 28 ataques teriam sido realizados contra embarcações no Caribe e no Pacífico, resultando na morte de 104 pessoas. O governo norte-americano afirma que as operações têm como objetivo o combate ao narcotráfico e ao que chama de narcoterrorismo.

Maduro também acusa os Estados Unidos de violarem normas do direito internacional ao deslocarem navios e aeronaves próximos ao território venezuelano. Ele cita as Convenções de Genebra de 1949 e o Protocolo Adicional I de 1997, que tratam da proteção de civis e náufragos em situações de conflito, e afirma que essas ações colocam em risco o direito à vida.

Segundo o presidente, os impactos da ofensiva não se limitam à Venezuela. Ele argumenta que o bloqueio ao comércio energético venezuelano pode comprometer o fornecimento de petróleo e energia, aumentar a instabilidade dos mercados internacionais e afetar diretamente as economias da América Latina e do Caribe.

Por isso, fez um apelo para que os países condenem publicamente as ações dos Estados Unidos e exijam o fim imediato do bloqueio e da presença militar na região.

O envio da carta ocorre após uma operação militar realizada pelos Estados Unidos em 14 de agosto deste ano, quando navios de guerra, meios aéreos, fuzileiros navais, um submarino nuclear, caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald R. Ford foram deslocados para a América Latina e o Caribe. À época, o então presidente Donald Trump justificou a ação como parte do combate ao narcotráfico, após Maduro ser apontado por autoridades norte-americanas como líder do chamado Cartel de Los Soles.