Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 10:48
Em meio a uma escalada de tensões entre Caracas e Washington, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo incomum direcionado diretamente ao público brasileiro. Durante participação em um programa da emissora TeleSUR, na noite desta quinta-feira (04), o líder venezuelano pediu que a população do Brasil “saia às ruas” em apoio ao país vizinho, que, segundo ele, enfrenta pressão política e militar dos Estados Unidos.>
Falando em um misto de português com espanhol, Maduro agradeceu ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por um boné enviado ao Palácio de Miraflores, gesto que, segundo afirmou, simbolizaria a “união entre os povos”. Em seguida, elevou o tom ao convocar uma mobilização popular a favor do governo venezuelano.>
“Obrigado, Brasil, obrigado, MST. A vitória é nossa. Viva a unidade do povo brasileiro, viva a unidade com o povo venezuelano”, declarou. “Povo do Brasil, saiam às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e soberania. Estou dizendo a verdade: temos direito à paz com soberania.”>
Apelo ocorre durante nova ação militar dos EUA>
As declarações do presidente aconteceram quase simultaneamente ao anúncio de mais uma operação norte-americana no Pacífico Leste. De acordo com os EUA, militares interceptaram um barco que seria usado no tráfico internacional de drogas, parte de uma série de ofensivas navais intensificadas nos últimos meses, especialmente ao redor do Caribe e da costa venezuelana.>
Washington afirma que, somente neste ano, ao menos 23 embarcações consideradas suspeitas foram alvo de ações antinarcóticos. Para o governo norte-americano, trata-se de operações destinadas a combater cartéis que enviam drogas para os Estados Unidos.>
Caracas, no entanto, acusa Washington de usar a política antidrogas como justificativa para pressionar o regime venezuelano. Maduro afirma publicamente que seu governo é o “verdadeiro alvo” da estratégia militar dos EUA.>
Acusações e disputas narrativas>
A relação turbulenta entre os dois países ganhou novos contornos após os EUA classificarem o cartel de Los Soles, supostamente liderado por militares e figuras próximas ao presidente venezuelano, como organização terrorista internacional. Segundo autoridades americanas, Maduro estaria vinculado estruturalmente ao grupo. O governo da Venezuela rejeita as acusações, chama as investidas de “infundadas” e aponta motivações políticas.>
O pronunciamento de quinta-feira, marcado por agradecimentos ao MST e pela convocação a uma mobilização popular no Brasil, reforça a estratégia de Maduro de internacionalizar o discurso contra Washington e buscar apoio entre movimentos sociais de países vizinhos.>
Enquanto isso, as operações militares americanas seguem ampliadas, e a tensão diplomática entre Caracas e Washington se mantém em alta, com repercussões que já ecoam além das fronteiras venezuelanas.>