Publicado em 2 de setembro de 2025 às 09:51
Conteúdo Estadão - O número de mortos no terremoto no leste do Afeganistão subiu para 1,4 mil nesta terça-feira (2), com mais de 3 mil feridos, informou o porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, no X (antigo Twitter). Equipes de resgate correm contra o tempo para chegar à região montanhosa e remota devastada pelo tremor de magnitude 6 ocorrido no domingo (31). Um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para a possibilidade de aumento exponencial no número de vítimas.>
O terremoto atingiu várias províncias, destruiu aldeias inteiras e deixou moradores presos sob os escombros de casas feitas principalmente de barro e madeira, incapazes de resistir ao choque. O terreno acidentado dificulta os esforços de resgate, o que obriga as autoridades do Taleban a retirarem feridos de áreas inacessíveis por helicóptero e outros meios. Os números divulgados por Mujahid se referem apenas à província de Kunar.>
"Não podemos nos dar ao luxo de esquecer o povo do Afeganistão, que enfrenta múltiplas crises e choques, com a resiliência das comunidades já esgotada", afirmou o coordenador residente da ONU para o país, Indrika Ratwatte, em entrevista coletiva nesta terça-feira. Ele também pediu ação imediata da comunidade internacional. "São decisões de vida ou morte, enquanto corremos contra o tempo para chegar às pessoas", disse.>
Este é o terceiro grande terremoto desde que o Taleban voltou ao poder, em 2021, e se soma a outras crises no Afeganistão, marcado por cortes no financiamento humanitário, economia fragilizada e milhões de pessoas repatriadas à força do Irã e do Paquistão. Ratwatte explicou que, quando casas de barro e madeira desabam, os telhados caem sobre os ocupantes, causando mortes e ferimentos. Embora a região seja pouco populosa, o tremor ocorreu durante a madrugada, quando todos dormiam. "O que vimos em situações anteriores mostra claramente que a taxa de vítimas tende a crescer de forma exponencial", disse.>
O Taleban, reconhecido apenas pela Rússia, pediu ajuda a governos estrangeiros e a agências humanitárias. Mas a resposta tem sido limitada, diante de crises globais concorrentes, cortes em orçamentos de doadores e oposição às políticas do Taleban que restringem direitos de mulheres e meninas, incluindo a proibição de trabalharem em ONGs.>
No início deste ano, os Estados Unidos suspenderam parte da ajuda financeira ao Afeganistão, em parte por temores de que os recursos chegassem ao Taleban. Segundo a vice-chefe do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários no Afeganistão, Kate Carey, mais de 420 unidades de saúde foram fechadas ou suspenderam atividades por falta de recursos - 80 delas na região leste, epicentro do terremoto.>
"A consequência é que as instalações restantes estão sobrecarregadas, com poucos suprimentos e pessoal, e mais distantes das comunidades atingidas. Isso acontece justamente quando é essencial garantir atendimento de emergência a traumas nas primeiras 24 a 72 horas após o terremoto", alertou Kate.>