Trump critica condenação de Bolsonaro no STF e compara caso ao que enfrentou nos EUA

Republicano disse estar “surpreso” com decisão e acusou perseguição contra líderes de direita.

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 19:03

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos Crédito: Redes Sociais/Instagram/@realdonaldtrump

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a se manifestar sobre a política brasileira e classificou como “surpreendente” a condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita nesta quinta-feira (11), em entrevista à imprensa norte-americana, na qual o republicano também afirmou estar “muito insatisfeito” com o resultado do julgamento.

A Primeira Turma do STF decidiu, por 4 votos a 1, condenar Bolsonaro e outros sete aliados por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. O caso, considerado um dos mais relevantes da história recente do tribunal, envolve um ex-presidente acusado de atentar contra a ordem democrática brasileira.

Trump, que mantém proximidade política com Bolsonaro desde quando ambos ocupavam a presidência, aproveitou a ocasião para traçar um paralelo entre sua própria trajetória e a do ex-mandatário brasileiro. “Eu o conheci como presidente do Brasil, achei que fez um bom trabalho. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”, declarou.

Assim como Bolsonaro, Trump enfrenta processos na Justiça norte-americana, incluindo acusações de tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020 e de incitar a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021.

Apoio político além das palavras

As manifestações públicas de Trump em defesa do aliado não são novidades. Em julho, ele enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em protesto ao que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Além disso, ordenou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil.

Na última terça-feira (09), a tensão diplomática aumentou após a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarar que os Estados Unidos poderiam recorrer a “meios militares” para garantir a liberdade de expressão no mundo, mencionando diretamente o julgamento do ex-presidente brasileiro. A resposta do Itamaraty foi imediata: o governo brasileiro repudiou qualquer tipo de sanção econômica ou ameaça de força.

O julgamento histórico

Na sessão do STF, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação de Bolsonaro e dos demais réus. O único voto divergente foi do ministro Luiz Fux. As acusações incluem formação de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A decisão consolida mais um capítulo da crise política que segue projetando seus efeitos não apenas no Brasil, mas também nas relações internacionais, especialmente diante do peso da opinião de Donald Trump no cenário político norte-americano.