Publicado em 26 de agosto de 2025 às 18:14
A União Europeia deu sinal verde para a comercialização do Yeytuo (lenacapavir), o primeiro medicamento injetável aprovado como profilaxia pré-exposição (PrEP) para o HIV. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (26) pela farmacêutica norte-americana Gilead Sciences, responsável pelo desenvolvimento do fármaco.>
O lenacapavir é aplicado apenas duas vezes por ano e oferece proteção prolongada contra o vírus, tornando-se uma alternativa ao modelo tradicional baseado em comprimidos diários. Com a aprovação, o medicamento poderá ser utilizado em todos os 27 países da União Europeia, além de Noruega, Islândia e Liechtenstein. A injeção já havia recebido aval da FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) e foi endossada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).>
Segundo dados apresentados pela Gilead, os ensaios clínicos de fase 3 mostraram resultados expressivos: em um dos estudos, nenhuma das mais de 2.000 mulheres cisgênero que utilizaram a injeção contraiu HIV, enquanto em outro apenas duas infecções foram registradas entre mais de 2.100 homens cisgênero e pessoas de gênero fluido — desempenho superior ao do Truvada, até então a principal opção de PrEP oral.>
Especialistas apontam que o novo recurso pode preencher uma lacuna importante na prevenção. “Com mais de 25 mil novos diagnósticos de HIV registrados anualmente na União Europeia e no Espaço Econômico Europeu, é evidente que as alternativas atuais não conseguem atender a todos”, afirmou Jean-Michel Molina, da Université Paris Cité. Para ele, a aplicação semestral pode ser uma mudança decisiva no combate à epidemia.>
O lenacapavir funciona de forma diferente da maioria dos antirretrovirais. Em vez de atuar sobre a produção do material genético do vírus, ele bloqueia a formação do capsídeo, uma espécie de “escudo” que protege o RNA do HIV e permite sua entrada nas células. Ao interromper esse processo, o vírus não consegue se multiplicar.>
O fármaco é aplicado no tecido adiposo — geralmente na região abdominal — e vai sendo liberado lentamente no organismo, garantindo efeito contínuo por até seis meses. Após esse período, basta uma nova aplicação para manter a proteção.>
No Brasil, o medicamento ainda não está disponível. A Gilead já solicitou à Anvisa o registro do Yeytuo em abril deste ano, mas o processo segue em análise.>