Publicado em 7 de maio de 2025 às 18:16
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os serviços de apostas online, a CPI das Bets, vai ouvir a influenciadora Virgínia Fonseca e a advogada Adélia de Jesus Soares a prestar depoimentos nos próximos dias 13 e 14 de maio. >
O Estadão procurou Virgínia Fonseca e Adélia Soares, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.>
Os pedidos das duas convocações foram feitos pela senadora Soraya Tronicke (Podemos-MS), que é a relatora da CPI das Bets. Segundo Soraya, a presença de Virgínia é importante, pois ela é uma das principais responsáveis pela divulgação de empresas de apostas online na internet. Ela tem mais de 100 milhões de seguidores somando os perfis dela nas redes sociais Instagram, TikTok e YouTube.>
"Nos últimos anos, a influenciadora esteve envolvida em campanhas de marketing para casas de apostas, utilizando sua ampla base de seguidores para divulgar essas atividades. Dado o impacto de sua comunicação no comportamento de consumidores, torna-se fundamental compreender o alcance e as responsabilidades éticas associadas a tais ações, especialmente em um segmento com potenciais implicações sociais, como o de apostas online", afirmou a senadora.>
Soraya Tronicke destacou que, a partir da oitiva de Virgínia, será possível investigar os conflitos éticos nas propagandas das casas de apostas, além de se discutir a necessidade de novas regulamentações no ramo. O requerimento foi aprovado em novembro do ano passado, mas essa é a primeira vez que a oitiva da influenciadora está na pauta da comissão.>
Adélia também é conhecida na internet, tendo mais de dois milhões de seguidores no Instagram. Ela participou da edição de 2016 do programa Big Brother Brasil, transmitido pela TV Globo, e costuma defender influenciadores digitais em processos judiciais. Uma das clientes é Deolane Bezerra, investigada por suposta lavagem de dinheiro e promoção de jogos ilegais. Deolane seria ouvida pela CPI, mas a oitiva foi barrada por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça.>
Em setembro do ano passado, Adélia foi indiciada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pelos crimes de falsidade ideológica e associação criminosa. Os delitos estão relacionados à atuação dela com uma organização estrangeira que estruturava e operava jogos ilegais no País.>
Segundo Soraya Tronicke, Adélia deverá explicar a participação dela na empresa, como forma de esclarecer aos parlamentares os crimes envolvendo as bets que contam com participação estrangeira.>
"É imprescindível que a convocada esclareça os detalhes de sua participação nos fatos investigados, o funcionamento do esquema ilícito e as eventuais conexões internacionais associadas às práticas de jogos de azar e lavagem de dinheiro", afirmou Soraya no requerimento.>
Em março, Adélia foi ouvida pela CPI das Bets, mas a oitiva dela ocorreu de forma sigilosa. No último dia 29, a advogada participaria de uma nova sessão, mas o depoimento não foi realizado porque ela se ausentou.>
Na semana passada, o empresário Daniel Pardim foi preso em flagrante, sob a acusação de falso testemunho, por determinação de Soraya. O episódio ocorreu após Pardim se negar a detalhar sua participação na empresa Peach Blossom River Technology, investigada por envolvimento com jogo de apostas ilegais e suposta participação em esquema de lavagem de dinheiro.>