Flávio Bolsonaro tenta conter crise familiar após críticas de Michelle a aliança do PL no Ceará

Senador afirma ter pedido desculpas à ex-primeira-dama e diz que a legenda vai adotar decisões conjuntas depois do embate provocado pelo apoio a Ciro Gomes.

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 12:37

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ Crédito: Lula Marques - Agência Brasil

A crise aberta dentro da família Bolsonaro após as declarações de Michelle Bolsonaro sobre o apoio do PL a Ciro Gomes no Ceará provocou uma movimentação imediata entre os filhos do ex-presidente. Na manhã desta terça-feira (2), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou ter conversado com a madrasta e pedido desculpas pelo atrito que se tornou público no fim de semana.

Segundo o parlamentar, o gesto busca evitar o agravamento do impasse que opõe Michelle aos enteados desde que ela criticou duramente a possibilidade de a sigla apoiar a candidatura de Ciro Gomes ao governo cearense. A ex-primeira-dama classificou como inadmissível que o partido se aliasse a um político que, nos últimos anos, atacou reiteradamente Jair Bolsonaro.

Flávio disse que já comunicou ao pai, preso desde 22 de novembro na Superintendência da Polícia Federal, que a situação está “esclarecida”. Ele também antecipou que o PL pretende estabelecer uma dinâmica interna para que decisões estratégicas sejam tomadas de forma coletiva. “Essa conversa serviu para ajustar os rumos. A gente aprende com os erros”, afirmou.

A tensão começou após Michelle, durante um evento partidário, citar nominalmente aliados locais e repudiar qualquer composição com Ciro Gomes. A fala repercutiu entre os Bolsonaro, levando Flávio a dizer, em entrevista, que a madrasta havia “atropelado” o partido e constrangido o deputado André Fernandes, uma das principais lideranças da legenda no estado.

Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, também reagiu. Ele classificou a crítica de Michelle como “desrespeitosa” e ponderou que o apoio a Ciro havia sido uma decisão alinhada ao ex-presidente. As declarações públicas dos filhos transformaram o episódio em uma das primeiras crises familiares desde o início do cumprimento da pena de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por envolvimento em uma tentativa de golpe.

Para tentar encerrar o atrito, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, convocou Michelle e os filhos para uma reunião ainda nesta terça-feira. A discussão deve avaliar se o partido manterá a possibilidade de apoiar Ciro Gomes no Ceará ou se recuará da articulação. Flávio afirmou que nenhuma decisão será tomada sem o aval de Jair Bolsonaro. “O que for definido, vai ser com ele. É da boca dele que as decisões precisam sair”, disse.

A expectativa é de que o encontro determine os rumos eleitorais da sigla no estado e sirva para reconstruir a unidade do grupo em meio ao cenário turbulento que se formou após a prisão do ex-presidente.