Haddad diz que Trump 'não é problema só do Brasil' e que governo continua negociando

Haddad não descartou que o tarifaço sobre os produtos brasileiros possa mesmo ter início a partir do dia 1º de agosto.

Publicado em 21 de julho de 2025 às 14:08

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu nesta segunda-feira (21) que o Brasil não vai sair da mesa de negociação com os Estados Unidos, e que o país norte americano não é um problema só nosso.

Em entrevista à Rádio CBN, o ministro afirmou que o governo brasileiro mantém os esforços de negociação, mas não descarta que o tarifaço sobre os produtos brasileiros possa mesmo ter início a partir do dia 1º de agosto.

De acordo com Haddad, diversos países vêm sendo afetados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Mas, no Brasil, disse o ministro, há uma particularidade: a relação individual entre a família Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Nesse momento é hora de unidade no país na defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os Estados Unidos. Mas nós temos uma particularidade que é o fato de que tem uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, disse Haddad.

Segundo o ministro, o Brasil é deficitário em relação aos Estados Unidos e estaria “longe de ser o problema dos Estados Unidos”, o que não justificaria receber uma tarifa tão alta. Além disso, Haddad afirmou ter se reunido com o governo americano ao menos 10 vezes somente neste ano e que ele havia sinalizado que a taxação inicial de 10% poderia até mesmo ser reduzida.

“Eu estive com o secretário do Tesouro na Califórnia dois meses atrás, discutindo uma tarifa de 10% como sendo injusta e ele estava aberto ao diálogo. O que mudou de dois meses para cá para que uma autoridade dos Estados Unidos estivesse aberta a discutir uma redução de tarifa de 10% e, no meio do caminho, você acorda com a notícia de que de 10% passou a 50%?”, questionou o ministro.

“O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro. Do meu ponto de vista é muito grave o que aconteceu, você fazer do destino de uma pessoa que tentou efetivamente se manter no poder pela força e articulou as forças nacionais em proveito próprio”, acrescentou.

Durante a entrevista, o ministro da Fazenda também disse causar estranhamento a investigação que Trump informou que irá fazer sobre o meio de pagamento instantâneo, o Pix. Haddad comparou o Pix a um telefone celular, que veio para substituir os telefones fixos, e que ele 'não tem nada a ver com o comércio internacional'.

“O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero”, afirmou o ministro, reforçando que ele poderia ser copiado por diversos outros países. "Como que o Pix pode representar uma ameaça a um império?', questionou o ministro.

Com informações de CBN e Agência Brasil.