Publicado em 21 de dezembro de 2025 às 08:39
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o discurso de abertura da Cúpula do Mercosul, neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), para fazer um alerta direto sobre o cenário geopolítico na América do Sul. Diante do aumento das tensões envolvendo a Venezuela e os Estados Unidos, Lula afirmou que uma eventual intervenção militar no país vizinho teria consequências graves para toda a região e para a ordem internacional.>
Ao abordar o tema, o chefe do Executivo brasileiro defendeu a preservação da soberania dos países sul-americanos e criticou a presença de forças militares externas no continente. Segundo ele, “as verdadeiras ameaças à nossa soberania se apresentam hoje na forma da guerra, das forças antidemocráticas e do crime organizado”, ressaltando que o hemisfério volta a conviver com riscos que remetem a conflitos do passado.>
Lula também destacou que o direito internacional vive um momento de forte pressão e advertiu para os efeitos de uma ação armada contra Caracas. Para o presidente, “uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, reforçando a necessidade de soluções diplomáticas e multilaterais.>
A declaração ocorre em meio ao agravamento das relações entre o governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, e os Estados Unidos. Desde agosto, Washington tem intensificado a movimentação de forças militares no Caribe, inicialmente sob a justificativa de combate ao tráfico internacional de drogas, o que elevou o nível de preocupação entre países da região.>
O tema também gerou reações de outros integrantes do Mercosul. Em encontros preparatórios da cúpula, representantes da Argentina e do Paraguai manifestaram críticas à situação interna da Venezuela. O chanceler argentino, Pablo Quirno, afirmou que “a fraude eleitoral e as persistentes violações dos direitos humanos no país constituem uma afronta a toda a região”. Já o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, apontou a “deterioração das instituições democráticas e a violação dos direitos fundamentais”.>
Com a Venezuela novamente no centro do debate regional, a expectativa é que o tema continue a dominar as discussões entre os líderes do bloco.>