Lula deve trocar ministro do esporte e trabalha para manter Sabino no governo

Governo pressiona ministros após rompimento do PP e União Brasil

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 13:37

Governo pressiona ministros após rompimento do PP e União Brasil
Governo pressiona ministros após rompimento do PP e União Brasil Crédito: Agência Brasil

O Palácio do Planalto iniciou discussões internas sobre o futuro de dois ministros em meio ao rompimento político do PP e do União Brasil com o governo Lula. André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), filiados às legendas que romperam oficialmente com o Planalto, resistem a deixar os cargos, mas enfrentam pressão crescente tanto do governo quanto de seus próprios partidos.

Resistência dos ministros

Apesar do ultimato partidário, Fufuca e Sabino querem permanecer no primeiro escalão. Ambos apostam no peso eleitoral de Lula em seus redutos — Maranhão e Pará — e buscam apoio no Centrão para se blindar. Essa sustentação pode vir tanto de alas governistas dentro dos próprios partidos quanto de outros grupos aliados.

No caso de Fufuca, uma troca é considerada mais provável. O Ministério do Esporte tem forte capilaridade política e é disputado por várias alas do Centrão em pleno ano pré-eleitoral. Nos bastidores, circula o nome de Ricardo Gomyde, ex-secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor no governo Dilma Rousseff (PT), como possível substituto.

A situação de Sabino é mais delicada para o Planalto. O ministro se consolidou como peça-chave na organização da COP30, que ocorrerá em Belém, e também preside o Conselho Executivo da ONU Turismo. Por isso, sua saída é vista como politicamente custosa para Lula.

Uma solução intermediária seria o licenciamento partidário de Sabino. Outra possibilidade é entregar a pasta ao MDB, hipótese que ainda depende de negociação direta com o governador do Pará, Helder Barbalho, que comanda a legenda no estado. Caso se confirme a troca, o nome do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, aparece como favorito para assumir o Turismo e dar continuidade ao trabalho ligado à COP.

Pressão do Planalto

Após o anúncio do rompimento, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) deixou claro que quem permanecer no governo terá de se alinhar integralmente às pautas do presidente Lula.

“Quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende. (…) Isso vale para quem tem mandato e para quem não tem, inclusive para aqueles que indicam pessoas para posições no governo”, publicou Gleisi no X.

A mensagem foi interpretada como um recado direto a Fufuca e Sabino. Fontes palacianas resumem: ambos terão de “ajoelhar no milho” e provar lealdade ao Planalto caso queiram permanecer.

Risco de punição partidária

Mesmo que consigam se manter nos cargos, os ministros terão de enfrentar os próprios partidos. Os presidentes do União, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira (PI), avisaram que haverá punições para quem insistir em permanecer no governo petista.

“Em caso de descumprimento desta determinação, haverá afastamento imediato. Se a permanência persistir, serão aplicadas as punições previstas no Estatuto”, declarou Rueda na Câmara.

Atualmente, PP e União Brasil controlam quatro ministérios:

• Esporte, com André Fufuca (PP);

• Turismo, com Celso Sabino (União);

• Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes (União, indicado por Davi Alcolumbre);

• Comunicações, com Frederico Siqueira (União, também indicado por Alcolumbre).

Os dois últimos são considerados “cota pessoal” de Alcolumbre, já que os indicados não são filiados ao União. Isso reduz a margem de manobra dos partidos, mas aumenta o peso político da crise em torno de Fufuca e Sabino.

Com informações do Metrópoles