Publicado em 2 de junho de 2025 às 11:52
A secretária de Estado dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, acredita que as eleições do ano que vem serão uma “virada de chave” para o Brasil e para o mundo, em relação à participação de povos indígenas na política.>
Em entrevista para a ONU News, em Nova Iorque, em abril, ela afirmou que a sociedade precisa dar mais oportunidade para este grupo, tendo em vista o papel que ele desempenha na proteção do planeta e no bem-estar de todos.>
Protagonismo das mulheres indígenas>
“Eu acho que em 2026, a gente vai surpreender o Brasil. Os povos indígenas vão surpreender e a gente mostra isso positivamente nas últimas eleições, com quantas candidaturas de mulheres indígenas saíram a prefeitas, a vices, a vereadoras. Então é um saldo positivo de que nós estamos furando uma bolha, mostrando que somos capazes, sim. A gente quer mostrar que é possível estar no Legislativo. É possível estar no Executivo. É possível, sim, construir um país com a nossa participação, com o nosso protagonismo”.>
Puyr Tembé compartilhou que a ONU teve um papel importante na formação de novas lideranças indígenas femininas no Brasil, incluindo ela mesma.>
A secretária de Estado explicou que por meio do programa “Voz das Mulheres Indígenas”, implementado pela ONU Mulheres, surgiu um movimento do qual fizeram parte a hoje ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a deputada federal Célia Xakriabá, entre outras lideranças.>
“Nós éramos 15 mulheres naquele projeto e daquele projeto nasceram sonhos. Nasceram esperanças e sonhos que foram realizados. A gente é um grupo de mulheres que fundou a organização da Anmiga, a Articulação Nacional de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, que tem como pauta furar bolhas que nunca foram furadas e que a gente enxerga que é hora também das mulheres, cada vez mais, não só se empoderar, mas é também ocupar esse lugar. Eu sou fruto de um trabalho que a gente desenvolveu desde 2012 pra cá, muito antes. Mas aí a gente entra no processo do Voz das Mulheres Indígenas, que graças a Deus foi um projeto bem interessante, pautado pela ONU Mulheres e que deu super certo”.>
Coragem de levantar todos os dias apesar de preconceitos>
Ela espera ver mais mulheres indígenas não somente ocupando a política, mas também avançando em pautas como garantia de direitos para a população feminina e combate à violência de gênero.>
Puyr Tembé contou que não se considerava “preparada” para o cargo de secretária, mas aceitou o desafio porque desde 2007 os povos indígenas do Pará demandavam a criação de uma Secretaria.>
Ela destacou que mulheres indígenas na política sofrem com racismo estrutural, preconceito e violência psicológica, mesmo assim têm a “coragem de levantar todos os dias” para cumprir suas funções.>
Na região norte do Brasil já existem secretarias ou departamentos de povos indígenas em todos os sete Estados. Há pouco tempo, apenas o Amazonas e o Amapá possuíam essa pasta. Nos últimos anos, Pará, Roraima, Tocantins, Acre e Rondônia também criaram esse espaço de representação.>
A líder da pasta no Pará espera que cada vez mais mulheres ocupem essas posições e criem políticas públicas duradouras, que não sejam abaladas com mudanças de governo e sirvam de referência para gerações futuras.>