Publicado em 6 de novembro de 2025 às 10:21
A reforma administrativa apresentada pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) e em tramitação na Câmara traz vários avanços no combate aos supersalários do funcionalismo, de acordo com avaliação feita pelo Movimento Pessoas à Frente. Por outro, a organização da sociedade civil, que elabora estudos e diretrizes sobre a gestão pública do País, defende ajustes no texto em relação à contratação de trabalhadores temporários.>
Para diminuir a prática dos supersalários, o Movimento vê como positiva a proibição de férias superiores a 30 dias por ano, o fim das licenças-prêmio por assiduidade, de pagamentos retroativos, progressão de carreira por tempo de serviço, indenização por substituição, indenizações que não sejam aprovadas pelo poder legislativo.>
"A maioria das propostas vai na direção certa, e devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional como sinal de um compromisso com o fim de privilégios e supersalários no serviço público, em linha com a construção de uma política remuneratória mais justa, menos desigual e com o resgate da autoridade do teto constitucional", diz o documento da entidade.>
Para Jessika Moreira, diretora-executiva do Movimento Pessoas à Frente, a reforma administrativa é oportunidade para acabar com os supersalários. "A proposta da reforma em relação aos supersalários, apesar de precisar de ajustes pontuais, está no caminho certo. Esperamos que esses pontos sejam aprovados o mais brevemente possível pelo Congresso Nacional", disse.>
Enquanto metade dos servidores públicos (aproximadamente 6,2 milhões de pessoas) recebe até R$ 3.391, apenas 0,06% usufrui de supersalários - ou seja, rendimentos acima do teto de R$ 46,3 mil. Apesar disso, o impacto orçamentário dessas despesas chega R$ 11,1 bilhões de no Orçamento brasileiro.>
Estudo do Movimento Pessoas à Frente realizado pelo pesquisador Bruno Carazza mostra que essa pequena parcela do funcionalismo está concentrada em poucas carreiras. Em 2023, 93% dos magistrados e 91,5% dos membros do Ministério Público recebiam supersalários.>
Outros pontos fortes da proposta são a "racionalização das verbas indenizatórias" - os chamados "penduricalhos" -, com a construção de um "conceito adequado para a definição" do que são essas verbas, e a limitação de pagamento de honorários da advocacia pública ao teto constitucional. "É positiva a vedação à criação de fundos para fins de pagamento de remuneração e benefícios, impossibilitando a gestão privada de recursos públicos", diz o estudo.>
Cautela com temporários>
Sobre a contratação de servidores temporários, a entidade enxerga como ponto positivo a criação de um Portal Unificado Nacional, que centralizará e dará transparência na contratação desse tipo de trabalhador. Por outro lado, a organização avalia que há pontos que precisam ser reavaliados e defende a criação de uma regra que impeça a contratação de temporários para atividades-fim em funções exclusivas de Estado, como policiais e guardas municipais.>
Um olhar mais cuidadoso para o setor de educação também é um ponto visto com necessidade de ajuste, já que esse é o setor que mais abriga trabalhadores temporários. "A educação é a área com maior concentração de contratações temporárias e desafios complexos para garantir a continuidade e qualidade dos serviços públicos. O principal ponto com oportunidade de melhoria é a inserção da menção expressa ao Piso Nacional do Magistério na proposta", diz o estudo.>