Viagem discreta de Joesley Batista a Caracas tenta destravar diálogo entre Maduro e governo Trump

Empresário brasileiro, buscou abrir um canal político em meio à tensão crescente entre Estados Unidos e Venezuela.

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 09:15

 - Atualizado há 39 minutos

Viagem discreta de Joesley Batista a Caracas tenta destravar diálogo entre Maduro e governo Trump
Viagem discreta de Joesley Batista a Caracas tenta destravar diálogo entre Maduro e governo Trump Crédito: Ayrton Vignola/Estadão

Em meio ao ambiente diplomático estremecido entre Estados Unidos e Venezuela, o empresário brasileiro Joesley Batista protagonizou um movimento inesperado na política internacional. Segundo relatos obtidos pela Bloomberg, o coproprietário da JBS esteve em Caracas no fim de novembro para uma reunião reservada com Nicolás Maduro, numa tentativa de incentivar o presidente venezuelano a considerar um caminho de transição pacífica.

A iniciativa aconteceu dias antes de Donald Trump telefonar diretamente para Maduro solicitando que ele deixasse o comando do país, contato que o próprio líder venezuelano confirmou publicamente nesta quarta-feira (03). Maduro descreveu a conversa como um gesto relevante para a reaproximação entre os dois governos, após anos de atrito e sanções.

Embora autoridades norte-americanas tivessem conhecimento prévio da movimentação, fontes ouvidas pela agência afirmam que a viagem de Joesley foi articulada por conta própria, sem qualquer delegação oficial do governo dos EUA. A holding J&F, controladora dos negócios da família Batista, reforçou essa posição ao declarar que o empresário “não representa nenhum governo”.

A aproximação entre Joesley e Maduro não surgiu do nada. Relações comerciais firmadas anos atrás entre a JBS e a Venezuela abriram canais que permanecem ativos até hoje. Durante um dos momentos mais críticos da crise venezuelana, marcado por hiperinflação e falta de alimentos, a empresa brasileira assinou um contrato de US$ 2,1 bilhões para envio de carne e frango ao país. O acordo foi articulado com apoio do então líder chavista Diosdado Cabello, atualmente ministro do Interior e figura central no governo.

Agora, esse histórico de negociações teria recredenciado Joesley a atuar como uma espécie de mediador informal, no momento em que Washington e Caracas voltam a testar canais de diálogo após anos de congelamento político. Mesmo sem aval oficial, o gesto do empresário adiciona um novo elemento às movimentações diplomáticas na região, especialmente diante das pressões internacionais e das repercussões da crise latino-americana.