Publicado em 5 de junho de 2025 às 18:40
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) oficializou nesta quinta-feira (05), um pedido de licença não remunerada de 120 dias da Câmara dos Deputados, alegando “interesse pessoal”. A solicitação ocorre no momento em que a parlamentar é alvo de um mandado de prisão preventiva, emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e teve seu nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, o que permite sua prisão no exterior.>
Apesar do pedido de afastamento, Zambelli ainda consta no sistema da Câmara como “em exercício”. A Presidência da Casa informou que um parecer jurídico está sendo elaborado para avaliar os próximos passos. Segundo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o caso é “sem precedentes” e exige uma análise criteriosa antes de qualquer posicionamento formal.>
Zambelli deixou o Brasil por via terrestre, cruzando a fronteira com a Argentina em Foz do Iguaçu (PR) no dia 25 de maio, dez dias após ser condenada a 10 anos de prisão pela Primeira Turma do STF. A parlamentar foi considerada culpada por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e teve a perda de mandato decretada. Contudo, como prevê a Constituição, a cassação efetiva do cargo só pode ser confirmada pela própria Câmara dos Deputados.>
Desde que anunciou publicamente, em entrevista no canal AuriVerde, que estava fora do Brasil, Zambelli afirmou que busca tratamento médico na Europa, onde pretende permanecer, amparada por sua cidadania europeia. Na mesma entrevista, disse ir denunciar o que chamou de “ditadura” do Judiciário brasileiro a lideranças internacionais.>
A reação institucional foi rápida. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva, acatada por Moraes, junto à solicitação de inclusão da parlamentar na Interpol. Além disso, o ministro determinou o bloqueio dos passaportes (inclusive o diplomático), salários, contas bancárias, bens e perfis nas redes sociais. As plataformas que mantiverem os perfis ativos estarão sujeitas a multa diária de R$ 100 mil.>
Nos bastidores do Congresso, o caso causa constrangimento. A oposição divulgou uma nota cobrando posicionamento firme da Presidência da Câmara e alegando “perseguição política” contra Zambelli. Ainda assim, parlamentares ligados ao grupo têm evitado dar declarações públicas ou conceder entrevistas.>
Enquanto isso, a parlamentar permanece foragida, com paradeiro oficialmente desconhecido. A assessoria de Zambelli se mantém em silêncio, sem confirmar o local onde ela está. Uma das hipóteses é de que esteja atualmente na Itália, segundo aliados próximos.>
Mesmo diante da gravidade do cenário, a resposta institucional continua sendo moldada. O caso de Carla Zambelli inaugura um capítulo inédito na história recente do Legislativo brasileiro, e promete testar os limites entre os poderes da República.>