Casa da Mata Atlântica é lançada na COP30 com apelo por urgência na conservação

Espaço sediado na Unama, em Belém, propõe diálogo entre ciência, políticas públicas e comunidades.

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 09:14

Casa da Mata Atlântica é lançada na COP30 com apelo por urgência na conservação
Casa da Mata Atlântica é lançada na COP30 com apelo por urgência na conservação Crédito: Reprodução/Unama

A Mata Atlântica abriu oficialmente sua participação na COP30 nesta quarta-feira (12), com o lançamento da Casa da Mata Atlântica, instalada na Universidade da Amazônia (Unama), no Umarizal, em Belém (PA). O espaço, promovido pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), será sede até sábado (15), de uma ampla programação gratuita que une ciência, arte e políticas públicas em torno da defesa do bioma mais ameaçado e estratégico do Brasil.

O evento de abertura, que teve como tema “A Amazônia recebe a Mata Atlântica”, reuniu pesquisadores, gestores públicos, lideranças comunitárias, artistas e parlamentares, como os deputados federais Nilto Tatto e Ivan Valente, o secretário substituto da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Carlos Eduardo Marinello, o economista e professor da Unama, João Cláudio Arroyo, e a coordenadora-geral da RMA, Tânia Martins. A atriz Lucélia Santos e a jornalista Cristina Serra, que vai lançar o livro “Cidade Rachada”, também participam da programação.

Durante a cerimônia de lançamento, foi entregue ao MMA a “Carta da Mata Atlântica na COP30 na Convenção do Clima”, documento que sintetiza décadas de luta socioambiental e reforça a urgência de implementar políticas efetivas de conservação e adaptação.

O texto foi recebido pelo secretário Carlos Eduardo Marinello, que reconheceu a relevância das propostas.

“A Carta que recebemos é bastante aderente à realidade nacional e aos desafios que o Brasil enfrenta neste século para lidar com as questões socioambientais, com um olhar muito atento para a Mata Atlântica. Vamos encaminhá-la à ministra Marina Silva e dar continuidade ao trabalho conjunto com as organizações que atuam neste bioma essencial”, afirmou Marinello.

A Carta da Mata Atlântica: um chamado à adaptação e à responsabilidade

O documento entregue ao MMA traça um panorama histórico e crítico da degradação da Mata Atlântica, bioma que já perdeu quase 70% de sua cobertura original e hoje abriga 72% da população brasileira e 80% do PIB nacional.

A carta destaca que “não há mais espaço para investimentos perversos” e cobra medidas urgentes para alcançar o desmatamento zero, a efetivação do Fundo de Restauração da Mata Atlântica e a ampliação das unidades de conservação.

O texto alerta ainda para os impactos de tragédias climáticas recentes no país, como as enchentes no Rio Grande do Sul, e critica a lentidão das respostas internacionais às emergências ambientais.

“Urgência é a palavra que deveria pautar as decisões nesta COP30”, reforça o documento, que encerra com um apelo: “Salvar a Mata Atlântica é salvar o próprio futuro do Brasil.”

Vozes da conservação

Em sua fala, a coordenadora-geral da RMA, Tânia Martins, destacou que o evento é um marco na valorização do bioma dentro da agenda climática global.

“A Mata Atlântica está em 17 estados e desaparece rapidamente sob o avanço do desmatamento e da ocupação irregular. Trazer este debate para a COP30 é fundamental. Todos os biomas são importantes para que o Brasil seja reconhecido como um país que preserva suas florestas e sua biodiversidade.”

O deputado Nilto Tatto, histórico militante socioambiental, ressaltou o papel da sociedade civil na defesa da floresta.

“A luta pela Mata Atlântica é um exemplo de resistência. Com apenas 12% de cobertura original preservada, a mobilização das entidades e redes de defesa ambiental é o que mantém viva a esperança de um modelo de desenvolvimento que não destrói, mas protege a vida.”

Já o economista e professor da Unama, João Cláudio Arroyo, lembrou que a relação entre ecossistemas e pessoas deve orientar o futuro da sustentabilidade.

“Os ecossistemas e as pessoas precisam se integrar. A Mata Atlântica foi o bioma mais castigado desde o início da colonização. É essencial que as lições aprendidas com ela sirvam também à proteção da Amazônia.”

Além da cerimônia de lançamento, a programação contou com painéis sobre “Estratégias de financiamento colaborativo para gerir a crise climática”; “Oportunidades e mecanismos de financiamento para conservação e mitigação”; “Boas práticas de monitoramento e avaliação de impacto socioambiental”; “A atuação das mulheres do litoral cearense na luta por justiça climática e de gênero”; e “Educação ambiental em novos regimes climáticos”.

Programação segue nesta quinta (13)

Nesta quinta-feira (13), a Casa da Mata Atlântica segue com uma programação que mergulha nas águas, florestas e cidades, propondo um chamado à ação por uma transição energética justa e sustentável.

Destaques do dia:

9h – Águas que educam: saberes femininos e resistência ambiental

11h – Conexão da paisagem como estratégia de mitigação das mudanças climáticas

14h – Roda de conversa: Biomimética

15h – Impacto da transição energética nas áreas marinho-costeiras

17h – Restauração ecológica como estratégia de adaptação e mitigação

19h – Mudanças climáticas, Mata Atlântica e serviços ambientais urbanos

Serviço:

Local: Universidade da Amazônia (Unama), Av. Alcindo Cacela, 287, Umarizal – Belém (PA)

Até 15/11

Programação completa: rma.org.br/news/casa-da-mata-atlantica-na-cop-30