Publicado em 10 de novembro de 2025 às 18:15
A COP30, que acontece em Belém do Pará, no coração da Amazônia, vai muito além de uma conferência sobre mudanças climáticas. O evento se consolida como uma oportunidade inédita para o Brasil mostrar ao mundo que é possível conciliar produção, preservação ambiental e prosperidade econômica.>
Entre os líderes empresariais que acompanham de perto as discussões está George Fernandes, CEO da Morro Verde Fertilizantes, empresa brasileira que atua desde a mineração até a distribuição de fertilizantes naturais com baixa pegada de carbono. Para ele, o futuro da agricultura brasileira passa por um modelo regenerativo, capaz de restaurar solos, capturar carbono e fortalecer comunidades rurais.>
“Esse é o futuro que o Brasil lidera”, afirma.>
Segundo Fernandes, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma pauta ambiental para se tornar uma questão de sobrevivência econômica. Em um planeta pressionado por eventos climáticos extremos e pela escassez de recursos, a agricultura regenerativa surge como resposta prática e acessível. A técnica devolve vida ao solo, reduz o uso de químicos, melhora a produtividade e transforma o agricultor em protagonista da agenda climática global.>
Na Morro Verde, as soluções envolvem o uso de fosfato natural reativo (FNR), bioinsumos minerais e calcário dolomítico — produtos que restauram solos tropicais e reduzem emissões de carbono. “Não é apenas uma questão de técnica, é uma mudança de paradigma: a agricultura como regeneradora, não apenas produtora”, destaca o executivo.>
O desafio do crédito verde>
Apesar do potencial, Fernandes aponta que o acesso ao crédito sustentável ainda é o principal obstáculo para escalar esse modelo no Brasil. Enquanto países como Alemanha, Estados Unidos e Índia já implementam políticas robustas de incentivo à inovação verde, com subsídios e segurança regulatória, o Brasil ainda enfrenta entraves estruturais.>
As pequenas e médias empresas, responsáveis por cerca de 30% do PIB nacional, acessam apenas 9% do crédito total. Juros elevados, burocracia e a ausência de uma taxonomia nacional de finanças verdes dificultam a expansão de práticas regenerativas.>
Para Fernandes, instituições como o BNDES e os fundos ESG têm papel fundamental na criação de instrumentos financeiros de longo prazo voltados a projetos de impacto ambiental positivo. “Especialmente no agronegócio regenerativo, que é o verdadeiro elo entre segurança alimentar e climática”, ressalta.>
Amazônia como símbolo e laboratório de soluções>
Com a COP30, Belém se torna mais do que o palco de um encontro global: transforma-se em símbolo da reconexão entre desenvolvimento e natureza. Fernandes destaca que a Amazônia deve ser vista não apenas como um patrimônio ambiental, mas como um laboratório vivo de soluções produtivas que unem tecnologia, ciência e respeito à terra.>
“A agenda climática precisa evoluir da mitigação para a regeneração. Regenerar o solo, as relações produtivas e o próprio conceito de riqueza”, afirma, citando Ayn Rand: “A verdadeira riqueza é fruto do pensamento humano.”>
O empresário defende que a inovação não nasce da restrição, mas da liberdade de empreender com propósito — um princípio que ele vê refletido no espírito da COP30. “Aqui, agricultores, cientistas e empreendedores que produzem com responsabilidade têm voz ativa”, diz.>
Fernandes acredita que Belém pode marcar um ponto de virada: “Que esta COP seja o momento em que o Brasil assume a liderança global de um novo modelo de desenvolvimento — um modelo que prova que é possível gerar lucro com propósito e crescimento com regeneração.”>
E conclui: “Porque, no fim, não se trata apenas de salvar o planeta, mas de garantir que a humanidade continue digna sobre ele.”>