Publicado em 26 de novembro de 2025 às 14:54
A COP30, que está sendo realizada em Belém, marcou um grande passo para garantir que crianças e adolescentes sejam mais reconhecidos e ouvidos nas discussões e decisões sobre a crise climática. Pela primeira vez, a Conferência das Partes da ONU incluiu diretrizes específicas para proteger as gerações mais jovens e fortalecer sua participação no combate às mudanças climáticas.>
Cerca de um terço da população mundial é composta por crianças e jovens, e a conferência reconheceu suas vulnerabilidades, além de destacar a importância de uma justiça intergeracional – ou seja, a responsabilidade de cuidar do futuro das próximas gerações. A COP30 foi um marco, estabelecendo uma série de avanços que reconhecem as contribuições e os direitos das crianças no enfrentamento da crise climática.>
Proteção das gerações presentes e futuras>
Uma das grandes conquistas foi a inclusão de um compromisso explícito no Mutirão Global que destaca a proteção do sistema climático para as gerações futuras. O texto reafirma o compromisso com a proteção das crianças e jovens, colocando-os como um grupo prioritário nas discussões climáticas globais.>
Transição Justa e os direitos das crianças>
Outro avanço importante foi no Programa de Trabalho para Transição Justa, que reconheceu a necessidade de garantir que crianças e adolescentes participem das mudanças econômicas rumo a um modelo mais sustentável. A decisão também destacou a importância de proporcionar educação, formação profissional e sistemas de apoio, para que as novas gerações possam se adaptar a uma economia de baixo carbono e resiliente.>
Adaptação climática e participação infantojuvenil>
A decisão sobre o Objetivo Global de Adaptação (GGA) reafirma a importância das contribuições das crianças e reconhece sua participação nas políticas de adaptação às mudanças climáticas. Também foi recomendado que os dados sobre os impactos das mudanças climáticas sejam coletados de forma desagregada por faixa etária, para garantir que as necessidades específicas de crianças e jovens sejam consideradas.>
Perdas e Danos: foco nas crianças>
O Mecanismo Internacional de Perdas e Danos (WIM) também passou a incluir a coleta de dados sobre os impactos específicos de eventos climáticos extremos em crianças. Além disso, foi enfatizada a importância da participação de jovens na disseminação de informações sobre perdas e danos, garantindo que suas vozes também sejam ouvidas na construção de soluções.>
Tecnologia e as necessidades das crianças>
A COP30 também fez um avanço significativo no campo das tecnologias climáticas, estabelecendo que as soluções tecnológicas devem levar em conta as necessidades específicas de crianças e adolescentes. O Programa de Implementação de Tecnologia de Belém (TIP) procura fortalecer o apoio a países em desenvolvimento e priorizar tecnologias que atendam às demandas de mitigação e adaptação, com um olhar especial para as gerações mais jovens.>
Avanços em educação e saúde>
No campo da educação, saúde e alimentação escolar, a COP30 também trouxe novidades importantes. Destacam-se a criação da Rede África–Brasil–ALC de Educação e Políticas de Juventude para Sustentabilidade Climática, investimentos em agricultura regenerativa para garantir alimentação escolar saudável e a criação do Mutirão contra o Calor Extremo, que visa reduzir os impactos do calor extremo em escolas e centros de saúde até 2030.>
Gênero e clima: um olhar para as meninas>
A nova agenda de ação de gênero e clima também foi ampliada para reconhecer as interseccionalidades entre gênero, raça e idade. O novo plano de ação traz, pela primeira vez, um foco específico nas meninas, mencionando-as nove vezes no documento, contra apenas uma referência no plano de 2014. A participação e liderança das meninas são agora vistas como fundamentais para a construção de soluções climáticas.>
A participação das crianças nas negociações climáticas>
Em um passo histórico, a COP30 incluiu 170 crianças como participantes credenciadas, além de promover o Mutirão das MiniCOPs, uma mobilização global com mais de 130 ações em 10 países para ouvir as crianças sobre o futuro climático. Em um evento inédito, mais de 40 crianças e adolescentes participaram de um diálogo intergeracional de alto nível durante a conferência.>
A COP30 reflete um avanço significativo na inclusão das crianças nas discussões climáticas, com suas demandas e direitos sendo cada vez mais reconhecidos nas negociações globais. Como os mais afetados pela crise climática, é fundamental que as novas gerações sejam protagonistas nas soluções, garantindo um futuro mais justo e sustentável para todos.>