COP30 tem cinco dias para entregar soluções para eliminar os combustíveis fósseis

COP30, em Belém, termina na próxima sexta-feira (21)

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 14:20

COP30 termina na próxima sexta-feira (21)
COP30 termina na próxima sexta-feira (21) Crédito: Reprodução 

Pesquisadores reunidos em Belém afirmam que as mudanças climáticas já provocam impactos graves em biomas essenciais, como a Amazônia e os recifes de corais, e pedem ação imediata dos países na fase final da COP30.

A COP30 entrou na sua semana decisiva e, nesta segunda-feira (17), um grupo internacional de cientistas entregou aos chefes de delegação um manifesto que cobra a definição de um “roteiro claro” para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

Segundo os pesquisadores, o documento simboliza a união de cientistas, ativistas, lideranças indígenas, autoridades políticas e empresariais em torno de um objetivo comum: proteger os principais biomas do planeta.

No manifesto, eles reforçam que a combinação entre emissões fósseis e desmatamento está levando a Amazônia a um ponto de não retorno, onde as mudanças podem se tornar irreversíveis. O texto também cita as secas severas vividas na região nos últimos dois anos e os danos crescentes aos recifes de corais tropicais.

De acordo com os especialistas, a degradação desses ecossistemas coloca populações inteiras em risco. “Os países precisam se unir para apresentar planos reais para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e deter a perda das florestas. Isso passa por manter viva a missão de limitar o aquecimento a 1,5°C”, dizem.

Pressão por ações urgentes

Na sexta-feira (14), os mesmos pesquisadores já haviam divulgado um alerta sobre o andamento das negociações. Eles informam que as emissões globais de CO₂ devem crescer 1,1% em 2025, quando o ideal seria uma queda acelerada.

Se o ritmo atual for mantido, o mundo tem apenas quatro anos antes de ultrapassar o orçamento de carbono compatível com o limite de 1,5°C, considerado o patamar mais seguro para evitar impactos ainda mais extremos da crise climática.

O alerta, apresentado no Pavilhão de Ciências Planetárias (uma iniciativa inédita nas COPs), destaca que as grandes economias já consumiram quase todo o orçamento de carbono, enquanto as comunidades mais vulneráveis seguem expostas aos piores efeitos do aquecimento global.

Os cientistas lembram que cada aumento de 0,1°C eleva a chance de ondas de calor, tempestades violentas, incêndios e prejuízos econômicos. Por isso, afirmam que a adaptação precisa ganhar mais espaço nas discussões da COP30.

A nota reforça que a ciência aponta para a necessidade de reduzir emissões em pelo menos 5% ao ano, muito acima dos compromissos atuais dos países, que somam apenas 5% para toda a década.

Fim dos fósseis e desmatamento zero

O manifesto defende que atingir emissões líquidas zero exige uma mudança profunda na mentalidade e na governança global, com expansão urgente das energias renováveis, descontinuação dos combustíveis fósseis e fim do desmatamento.

Os autores também criticam tentativas de retirar referências científicas dos textos em negociação na COP30, classificando essas atitudes como estratégias para atrasar decisões essenciais.

Assinam o documento pesquisadores como Carlos Nobre, Thelma Krug, Paulo Artaxo, Marina Hirota, Johan Rockström, Chris Field, Fatima Denton, Piers Forster e Ricarda Winkelmann.

Com informações do G1