Publicado em 21 de outubro de 2025 às 12:17
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Raul Potazio Romão, afirmou nesta terça-feira (21) que demandas de mercado, como o interesse da China por produtos brasileiros com adicionalidades ambientais, podem gerar impactos positivos nas cadeias produtivas.>
"Quando os frigoríficos do Pará abriram as exportações para a China e ela exigiu bois abaixo de 30 meses, a idade média de abate foi reduzida e isso reduziu drasticamente as emissões [de gases poluentes]. Conseguimos impacto positivo a partir de demanda de mercado", afirmou durante participação virtual em evento do Imaflora sobre comércio sino-brasileiro de carne bovina.>
Segundo ele, o melhor mecanismo para a mudança de comportamento são os incentivos e os sinais do mercado. "A partir do momento em que o maior demandante da carne passa a valorizar um produto livre de desmatamento, de contaminação, é sinal de mercado muito forte de que o Pará está seguindo na trilha correta", afirmou. Os frigoríficos paraenses vendem até 115 mil toneladas de carne bovina aos chineses por ano, principal importador da proteína estadual.>
O Pará foi o primeiro Estado brasileiro a adotar um sistema de rastreabilidade individual do rebanho bovino. Segundo o secretário, a medida consegue demonstrar o nível de conformidade dos fornecedores diretos e indiretos de gado aos frigoríficos e dar um tratamento diferenciado aos pecuaristas que atuam na legalidade.>
O programa Pecuária Sustentável segue a lógica do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público Federal (MPF) e a indústria frigorífica, de verificar a ausência de qualquer tipo de desmatamento na propriedade dos pecuaristas a partir de 2008.>
Os objetivos, segundo ele, eram garantir a integridade socioambiental do rebanho local, valorizando a carne do Pará no mercado nacional e internacional, e o fortalecimento produtivo da pecuária, com incentivos, mecanismos de apoio produtivo ao pecuarista paraense.>
"O grande objetivo com as políticas de transparência da cadeia é separar o legal do ilegal. Não podemos ter o produtor que não desmatou após 2008 ou que desmatou e se regularizou no mesmo cesto, no mesmo lugar do produtor ilegal, e que tem na ilegalidade sua forma de produzir", afirmou Romão. Segundo ele, os índices de desmatamento no Pará caiu 60% entre 2019 e 2025.>
O secretário disse que certificações internacionais que adotam exigências acima do que já é praticado precisam estar atreladas a melhor remuneração. "A demanda de mercado tem poder de gerar impactos positivos. Esperamos que da mesma forma possamos avançar a partir de critérios já definidos no TAC [termo de ajustamento de conduta]. Os critérios adicionais devem vir associados a correspondentes melhorias de remuneração, para que a carne a pasto, livre de desmatamento, seja devidamente valorada no mercado internacional", apontou.>
"Precisamos que o pecuarista que se preocupa em produzir mais e melhor possa demonstrar sua legalidade e não mais ser tarjado de irregular. Queremos garantir essa possibilidade de transparência", concluiu.>