Em discurso na COP30, Lula diz que 'é hora de impor nova derrota aos negacionistas'

Lula destacou que a crise climática já é uma “tragédia do presente”, e não uma ameaça distante, citando o tornado que atingiu o Paraná na última sexta (7)

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 13:48

Lula destacou que a crise climática já é uma “tragédia do presente”
Lula destacou que a crise climática já é uma “tragédia do presente” Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu oficialmente, nesta segunda-feira (10), a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), em Belém, com um discurso firme em defesa da ciência, da Amazônia e da ação global contra as mudanças climáticas.

Realizada pela primeira vez no coração da floresta, a conferência é, segundo Lula, uma “proeza”. Ele lembrou o desafio logístico de sediar um evento desse porte na Amazônia e disse que a decisão simboliza coragem e compromisso.

“Seria mais fácil fazer a COP em uma cidade sem problemas. Mas escolhemos a Amazônia para provar que, com disposição e verdade, nada é impossível. O impossível é não ter coragem de enfrentar desafios”, afirmou.

O presidente também rebateu o negacionismo climático, chamando a COP30 de “a conferência da verdade”.

“Vivemos a era da desinformação. Os obscurantistas controlam algoritmos, espalham ódio e atacam a ciência. É hora de impor nova derrota aos negacionistas”, disse.

Lula destacou que a crise climática já é uma “tragédia do presente”, e não uma ameaça distante, citando o tornado que atingiu o Paraná na última sexta (7).

Outro ponto forte do discurso foi a crítica aos gastos com guerras. Lula comparou os investimentos militares aos recursos que poderiam ser destinados à preservação do planeta:

“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, perceberiam que é mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para enfrentar o problema climático do que gastar US$ 2,7 trilhões em guerras, como aconteceu no ano passado.”

O presidente também reforçou o compromisso do Brasil no combate ao racismo ambiental, tema da declaração assinada na Cúpula de Líderes da semana anterior, um documento histórico por unir, pela primeira vez, justiça racial e ação climática em um mesmo acordo internacional.

Ausência dos Estados Unidos

Embora não tenha citado países nominalmente, a ausência dos Estados Unidos chamou atenção na abertura. O presidente norte-americano, Donald Trump, não participou da Cúpula de Líderes e o país não enviou representantes de alto escalão para as negociações que começaram nesta segunda-feira.

Belém no centro do mundo

A COP30 segue até o dia 21 de novembro e deve reunir cerca de 50 mil participantes, entre diplomatas, cientistas, ativistas, líderes indígenas e empresários. As conversas agora entram em uma fase decisiva: transformar discursos em compromissos concretos, com metas, prazos e financiamento definidos.

Depois de abrir a conferência com um recado direto aos céticos do clima, Lula deixou claro que o palco amazônico não foi escolhido por acaso: a floresta, mais do que cenário, é símbolo da urgência e da esperança que movem o planeta.

Com informações do G1