Publicado em 13 de novembro de 2025 às 09:55
O quarto dia da COP30, em Belém, começou com manifestações em frente à entrada da Blue Zone, área restrita a participantes credenciados. Entre os grupos presentes, agricultores familiares e representantes de comunidades tradicionais do município de Altamira, no sudoeste do Pará, realizaram um protesto solicitando a ampliação e a desburocratização do acesso ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma das principais políticas públicas voltadas à segurança alimentar no país.>
O agricultor Valdeí dos Santos, morador da comunidade Maribel, foi um dos porta-vozes do grupo. Ele destacou que a dificuldade de acesso ao programa impede que alimentos produzidos em pequenas propriedades cheguem às mesas de quem mais precisa.>
“Estamos aqui trazendo as vozes do povo do beradão, reivindicando nossos direitos. Queremos tratar diretamente com quem decide e buscar resultados positivos para nossas comunidades. O PAA é um programa importante, mas precisa ser mais acessível. As oportunidades existem, mas muitas vezes não chegam até nós”, afirmou Valdeí.>
O Programa de Aquisição de Alimentos foi criado em 2003, sendo gerenciado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). A iniciativa permite que o governo compre diretamente produtos de agricultores familiares, como assentados da reforma agrária, pescadores, extrativistas, comunidades indígenas e quilombolas, sem necessidade de licitação. Os alimentos são destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade, escolas públicas e instituições socioassistenciais.>
Além de combater a insegurança alimentar, o PAA fortalece a economia local, gerando renda e estimulando práticas sustentáveis de produção. Entre as modalidades oferecidas estão a Compra Direta, Doação Simultânea, Compra Institucional, PAA-Leite e Apoio à Formação de Estoques.>
Recentemente, o programa foi atualizado, ampliando o limite de comercialização individual de R$ 12 mil para R$ 15 mil por agricultor, e permitindo a participação por meio de associações e cooperativas. Apesar dos avanços, produtores da Amazônia afirmam que a burocracia e a falta de estrutura ainda dificultam a adesão.>
Os manifestantes aproveitaram a visibilidade da COP30 para reforçar a importância da soberania alimentar e do investimento em políticas públicas voltadas à agricultura familiar.>
“Falar de alimentação saudável e de floresta em pé é falar também de quem vive dela. Queremos que o governo olhe para as nossas comunidades e garanta condições reais para produzir e alimentar o país”, completou Valdeí.>