Organização da COP30 convida Papa Leão XIV para participar da conferência em Belém

Novo papa é visto como aliado na luta contra a crise climática e pode reforçar protagonismo da Igreja na COP30, em Belém.

Publicado em 9 de maio de 2025 às 15:49

Papa Leão XIV.
Papa Leão XIV. Crédito: Reprodução/ Vatican News

A escolha do cardeal Robert Francis Prevost como novo papa foi bem recebida por lideranças ambientais e pela organização da COP30, a conferência do clima da ONU que será realizada em novembro, em Belém. Aos 69 anos, o agora papa Leão 14 tem um histórico de apoio à causa ambiental e à sustentabilidade, temas centrais também do pontificado de seu antecessor, Francisco, morto em abril deste ano.

Natural dos Estados Unidos e naturalizado peruano, Leão XIV já demonstrou preocupação com a crise climática em diferentes ocasiões. Em um seminário realizado em Roma, em novembro passado, ainda como prefeito do Dicastério para os Bispos — um dos órgãos da Cúria Romana —, ele defendeu a necessidade de ações concretas diante da deterioração ambiental do planeta, enfatizando que a resposta a esse desafio deve se basear na Doutrina Social da Igreja.

Entre os compromissos ambientais recentes da Santa Sé, destacados pelo então cardeal, estão a instalação de painéis solares e a adoção de uma frota de veículos elétricos, incluindo um papamóvel totalmente elétrico, em uso desde dezembro. Essas medidas indicam uma continuidade na postura da Igreja Católica em relação à preservação ambiental.

A organização da COP30 vê com otimismo a possibilidade de contar com a presença do pontífice em Belém. A cúpula considera sua atuação uma oportunidade para fortalecer o debate global sobre justiça climática e consolidar acordos em favor de um futuro mais sustentável.

O histórico do novo papa em relação ao tema também tem ligação direta com a encíclica “Laudato Si”, publicada por Francisco em 2015, na qual a crise ecológica é abordada como uma questão ética e moral, especialmente por afetar os mais pobres. Prevost demonstrou, ao longo dos anos, alinhamento com os ensinamentos dessa encíclica e com a visão de que o “domínio sobre a natureza”, citado na tradição cristã, deve ser entendido como responsabilidade e cuidado, e não como autorização irrestrita para a exploração ambiental.

A nomeação de Leão XIV ocorre em um cenário global de retrocessos nas políticas climáticas, o que torna sua postura ainda mais relevante. Organizações ambientais internacionais destacaram o potencial do novo pontífice como liderança mobilizadora frente à crise climática, com capacidade de engajar fiéis, governos e sociedade civil.

Líderes globais também manifestaram apoio ao novo papa. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou Prevost pela escolha e expressou o desejo de que ele dê continuidade ao legado de Francisco, principalmente na defesa do meio ambiente, da justiça social e do diálogo entre os povos.

Apesar de ter sido celebrado por lideranças norte-americanas, o novo papa já fez críticas públicas à condução política e ambiental do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclusive promovendo a leitura da encíclica “Laudato Si” como contraponto ao negacionismo climático.

A expectativa é que Leão XIV tenha papel relevante na articulação de lideranças e na promoção de compromissos em prol da vida no planeta, especialmente diante do desafio representado pela COP30, que pretende ser um marco nas negociações climáticas globais.