Publicado em 18 de novembro de 2025 às 15:49
O governo federal anunciou nesta segunda-feira (17) a demarcação de dez novas terras indígenas no Brasil, em meio às manifestações que marcaram a COP30, realizada em Belém. Uma das áreas reconhecidas está no Pará: a Terra Indígena Sawre Bapim, do povo Munduruku, localizada no município de Itaituba.>
O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante o Dia dos Povos Indígenas, celebrado dentro da conferência. A decisão ocorre após protestos que pressionaram o governo pela retomada das demarcações, inclusive com tentativa de aproximação de grupos indígenas à área restrita das negociações, o que levou a ONU a pedir reforço de segurança no evento.>
A medida ainda depende de homologação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser concluída.>
Protagonismo do Pará >
Entre os dez territórios reconhecidos, o Pará aparece com a área Sawre Bapim, que abriga cerca de 150 mil hectares e é ocupada tradicionalmente pelo povo Munduruku. A terra tem 78% de sua área sobreposta ao Parque Nacional da Amazônia e possui registros de posse e ocupação há décadas.>
A região é estratégica para a conservação: a área integra uma das faixas mais preservadas da Amazônia e enfrenta pressões recorrentes, incluindo garimpo ilegal.>
Pressão por demarcações marcou a COP30>
A ausência de anúncios na abertura da conferência havia gerado insatisfação entre movimentos indígenas. As manifestações em Belém acabaram acelerando a decisão — uma promessa de campanha de Lula após o congelamento das demarcações entre 2019 e 2022.>
Somente este ano, segundo o governo, 21 áreas indígenas tiveram avanço formal no processo de reconhecimento.>
Impacto ambiental e social>
As terras indígenas representam hoje 13,8% do território brasileiro, somando mais de 117 milhões de hectares. Estudos indicam que a demarcação de territórios tradicionais:>
pode reduzir em até 20% o desmatamento projetado até 2030,>
e evitar 26% das emissões de carbono previstas no mesmo período.>
Mesmo assim, dados recentes do IBGE mostram que mais da metade da população indígena da Amazônia Legal vive fora de áreas demarcadas, refletindo desafios estruturais como saúde, segurança territorial e infraestrutura.>
Territórios reconhecidos pelo governo>
Além de Sawre Bapim (PA), foram demarcadas:>
Tupinambá de Olivença – BA>
Vista Alegre – AM>
Comexatiba (Cahy-Pequi) – BA>
Ypoi Triunfo – MS>
Pankará da Serra do Arapuá – PE>
Sambaqui – PR>
Ka'aguy Hovy – SP>
Pakurity – SP>
Ka'aguy Mirim – SP>
O Brasil também reafirmou sua adesão ao plano global da Forest & Climate Leaders Partnership, que prevê o reconhecimento de 160 milhões de hectares de territórios indígenas e tradicionais até 2030. Desse total, 63 milhões de hectares são responsabilidade brasileira.>