Polêmica na COP30: por que os preços da alimentação viraram assunto em Belém; assista

Valores em reais assustaram visitantes brasileiros, mas custos seguem regras internacionais e refletem uma operação complexa dentro do evento global

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 20:26

Ao lado esquerdo um dos pratos vendidos na Blue Zone (Filhote com arroz e jambu)
Ao lado esquerdo um dos pratos vendidos na Blue Zone (Filhote com arroz e jambu) Crédito: Cássio Leal/Roma News

Os preços das refeições e bebidas na Cúpula do Clima (COP30), em Belém, têm gerado debate entre o público que circula pelos pavilhões do Hangar. A surpresa maior veio para quem paga em real: os valores, que chegam a R$ 90 ou mais por prato, chamaram atenção e alimentaram críticas nas redes sociais.

Mas, segundo apurou o Roma News, há mais fatores por trás desses preços. As operações de alimentação dentro da COP30 seguem normas da Organização das Nações Unidas (ONU) e envolvem custos logísticos e sustentáveis muito acima dos de um restaurante comum.

Os fornecedores foram escolhidos por meio de um edital. Antes do evento, eles receberam consultoria para ajustar cardápios, logística e atendimento ao padrão exigido pela ONU.

Entre as exigências estão o uso de embalagens compostáveis, ingredientes orgânicos e produtos da agricultura familiar (itens com oferta limitada em Belém, o que eleva o custo da operação). Muitos insumos precisaram vir de outros estados.

Além disso, parte da receita obtida pelas empresas é repassada à organização da COP30, e cada operador arca integralmente com impostos, transporte, equipe e insumos. Com isso, o retorno financeiro depende exclusivamente das vendas durante o evento.

Outro ponto importante: os preços são definidos em dólar, como padrão internacional da ONU. Para estrangeiros, que fazem a conversão cambial, os valores são mais acessíveis — mas para o público brasileiro, a diferença pesa no bolso.

Alberto Serruya, do Restaurante Casa Blanca, que participa da COP30 na Blue Zone com um menu de pratos regionais, afirmou que a polêmica não reflete a realidade de todos os expositores:

“Há uma infinidade de exigências — da origem dos alimentos à padronização dos processos e à formação das equipes. Tudo isso gera custos. Mas estamos longe dos preços abusivos que circulam por aí. Vendemos água e refrigerante a R$ 9 ou R$ 10, croissants a R$ 25 e pratos típicos entre R$ 90 e R$ 110, valores até menores que os praticados fora daqui.”

Serruya defende que os operadores brasileiros estão oferecendo um serviço de qualidade e com produtos amazônicos autênticos.

“Estamos representando a gastronomia paraense com dignidade e responsabilidade. É preciso ser justo e reconhecer o esforço para oferecer o melhor dentro de um evento desse porte”, completou.

Assista:

No fim das contas, a polêmica dos preços da alimentação na COP30 expõe os bastidores de uma operação internacional complexa — que envolve sustentabilidade, padronização global e, inevitavelmente, custos invisíveis que chegam ao prato do público.